Perfil do ministro da Defesa que a Colômbia e a Força Pública necessitam

Publicado: 2014-04-08   Clicks: 1803

    Tradução: Graça Salgueiro

     Vinte e três anos depois de César Gaviria haver nomeado Rafael Pardo Rueda como primeiro funcionário civil para o cargo de ministro da Defesa, é muito pobre o balanço da gestão de 14 personagens que circularam por esse cargo, pois os supostos objetivos de representar politicamente a Força Pública, bloquear a capacidade política dos grupos narco-terroristas e dinamizar a gestão administrativa das tropas, transformou-se em camadas de politiqueiros com novos cargos, mais burocracia para devolver favores políticos e o óbvio desejo de meter a mão no orçamento.

     Na prática, a resposta dos comandos da Força Pública desde 1991 até a data de hoje, assim como a reação das organizações da reserva ativa, foram tíbias, insuficientes e sem o necessário reajuste de encargos para fazer entender aos sucessivos presidentes e ministros civis de Defesa que este cargo não é para devolver favores políticos, nem para fazer campanha presidencial antecipadamente, nem para se apropriar dos êxitos militares das tropas com auto-propaganda de supostos estrategistas, nem para entregar a direção da inteligência estratégica à Polícia Nacional, nem para nada diferente que dirigir a estratégia política de alto nível para derrotar os terroristas, representar politicamente as tropas, facilitar sua funcionalidade administrativa, garantir a defesa jurídica dos uniformizados, defender o foro militar e articular a política nacional com a operatividade das tropas.

     Vistas as considerações anteriores, convidamos desde esta coluna os diretores das organizações da reserva ativa a que expliquem aos atuais candidatos à presidência da República e aos congressistas eleitos, qual deve ser o perfil do ministro da Defesa, com base na realidade da farsa das conversações de paz com os terroristas em Havana, os agressivos planos da ALBA e do Foro de São Paulo, Rússia e China, e os nocivos efeitos da desinformação e da ignorância manifesta da população civil colombiana em torno à defesa nacional, em termos desta disposição:

    No mínimo deve ter prestado o serviço militar para que, por respeito com as tropas que vai dirigir, pelo menos conheça os graus e distintivos militares. Ao que se sabe, por exemplo, um economista ou um engenheiro civil não podem dirigir uma cirurgia de coração aberto, ou sem ser futebolistas nem ter estudado carreira desportiva, ser técnicos da Seleção Colombiana de futebol.

    Porém, o tropicalismo colombiano é enorme. Desde a embromação de Gaviria para colocar burocratas e cravar os caninos no atraente orçamento da defesa nacional, circularam por esse cargo politiqueiros como Pardo Rueda, Martha Lucía Ramírez, Lloreda Caicedo e Gilberto Echeverri, delinqüentes de colarinho branco como o condenado Fernando Botero Zea, medíocres figurões como Bell Lemus, Rodrigo Rivera, Silva Luján, Juan Manuel Santos, Fernando Ramírez, um nefasto politiqueiro de sobrenome Ospina e um jogral de sobrenome Uribe que se disfarçava de soldado, personagens questionados como o payanês González, “auto-estrategistas” como Juan Carlos Pinzón ou seu mentor Santos, e os “bons tipos” como Esguerra Portocarrero. Porém, como diz o locutor desportivo William Vinasco Ch: “daquilo, nada”.

    Nessa ordem de idéias, é conveniente que o próximo presidente e os congressistas saibam que a Colômbia e suas tropas necessitam de um ministro da Defesa que tenha estudado a defesa nacional em todos os campos, quer dizer, que saiba de inteligência estratégica, inteligência tática e fundamentos de inteligência de combate. E, evidentemente, que entenda da estrutura orgânica das Forças Militares, da Polícia Nacional, suas missões e suas funções precisas, portanto, disposto a evitar que a farsa das conversações de Havana termine na desarticulação majoritária das tropas, que depois de servir ao país ficariam à deriva.

    Que tenha estudado geo-política e entenda o contexto regional, para que articule a inteligência estratégica com o desenvolvimento projetado das Forças Militares para a segurança nacional, no caso específico da atual Colômbia frente aos nexos dos governos comunistas do hemisfério com as FARC e o ELN, além da grave agressão que tecem o governo da Nicarágua e outros cúmplices contra o Caribe colombiano.

     Do mesmo modo, o ministro da Defesa deve conhecer a história do conflito colombiano, ter a capacidade para dirigir a produção literária, de audio e de vídeo, da memória histórica do conflito tal e como a experimentaram as tropas durante cinco décadas, mas para isso é indispensável que o ministro da Defesa conheça, entenda e saiba como se opor a todo o contexto estrutural do Plano Estratégico das FARC e do ELN.

    Que tenha suficiente capacidade diretriz para exercer liderança convincente sobre as tropas que diariamente expõem suas vidas para tê-lo no cargo, que não é para que lhe rendam honras, senão para dirigir a guerra, e garantir os direitos e o bem-estar de soldados e policiais em todos os sentidos.

     Os militares e policiais necessitam de um ministro da Defesa que tenha a capacidade e a lealdade suficiente para sustentar um organismo de defesa jurídica dirigido por profissionais do direito das mais altas qualidades, que estruture um corpo de funcionários da Justiça Penal Militar doutos na matéria com suficiente bagagem intelectual e acadêmico para defender e fortalecer o foro militar, que se preocupe e dirija o processo permanente de educação militar em todos os campos do mister castrense, da defesa nacional, da geo-política, das carreiras civis complementares que escolham nas escolas de formação, dos direitos humanos e do Direito Internacional Humanitário.

     O ministro da Defesa que a Colômbia necessita, deve conhecer a estrutura da guerra política que o narco-terrorismo estabelece para que possa se opor às guerras de estratagemas, de inteligência, política, de organizações, jurídica e psicológica dos grupos terroristas e seus cúmplices.

     Este ministro deve entender e aplicar com acerto o que agora denominam ação integral que inclui propaganda e contra-propaganda, ação psicológica, ação cívico-militar, assuntos civis, fundamentos de administração pública, relações com a comunidade.

     O ministro da Defesa da Colômbia deve dirigir a estratégia de serviço de saúde das Forças Militares, para evitar o vergonhoso estado de disfuncionalidade e incapacidade física e técnica que hoje caracteriza o Hospital Militar e os dispensários. A função do ministro da Defesa não é só favorecer ou tolerar contratos questionados como o do arcaico call center para padecer o trauma de não conseguir consultas médicas, equipamentos imprestáveis, falta de nomeação de especialistas em propriedade, ou a designação da entrega de medicamentos a empresas que carecem dessa capacidade.

    O ministro da Defesa deve dirigir estratégias para que se solucione o eterno problema da insuficiência de residências fiscais, liceus para os filhos dos militares e policiais, centros de recreação, centros de reclusão, readaptação digna dos militares da reserva à vida civil, dar uma funcionalidade efetiva a favor das tropas à Universidade Militar criada para isso e não para os fins atuais, etc.

    E para demonstrar que se vai cumprir com estes encargos, que são obrigações legais indiscutíveis, o novo ministro da Defesa, sem importar qual seja a corrente política a qual pertença o próximo presidente, deve garantir à família militar, em um documento público, que tão logo tome posse, solucionará a injusta discriminação salarial à qual submeteram as Força Militares os governos de Gaviria, Samper, Pastrana, Uribe e Santos, mediante o descarado descumprimento do nivelamento salarial contemplado na lei 4 de 1992.

    Se algum dos atuais candidatos presidenciais tem o caráter de aceitar por escrito e em público, o compromisso que nomeará no cargo de Ministro da Defesa do próximo governo a uma pessoa, que por esse perfil deve ser um militar da reserva ativa, e que vá cumprir com todas e cada uma destas condições, demonstrará patriotismo e compreensão do problema.

     Por razões óbvias, jamais se poderia acreditar, nem muito menos esperar que embora Juan Manuel Santos assine esse compromisso em público, vá cumpri-lo.

 Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos – 

www.luisvillamarin.com

 

 

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