Tradução: Graça Salgueiro
A inesperada aparição em Havana de três terroristas do Bloco Sul das FARC, encabeçadas por Fabián Ramírez, para se integrar à ópera bufa montada pela ditadura cubana, a ALBA e a desmedida ambição re-eleicionista de Juan Manuel Santos, merece uma análise político-estratégica para clarear horizontes imediatos acerca das verdadeiras intenções das FARC e seus cúmplices, nacionais e internacionais.
1. Desvirtua a inexata suposição de que as FARC estavam divididas e que havia um setor deste grupo terrorista que se opunha às conversações de paz.
Do mesmo modo de quando Tirofijo e Alfonso Cano viviam, os incultos “analistas do conflito” que escrevem nos meios de comunicação colombianos, supunham divisões inexistentes entre estes dois terroristas. Quando iniciou a atual ópera bufa de Cuba, os sisudos analistas de sempre inventaram dissensões do Bloco Sul. Em ambos os casos, as próprias FARC disseram que não havia tais cisões, mas assim como acontece com estes diálogos que não chegaram a nenhum lugar, os informadores “desinformadores” insistiram em que alguns terroristas se desmobilizarão, entrarão para a política e que os blocos sul e oriental se tornariam Bacrim.
Desconhecer o adversário, não entender os componentes de sua estratégia e confiar na improvisação de última hora, são os três erros mais graves de todas as guerras. E neste caso concreto, sem ser desmancha prazeres nem negativistas, essas três características se reúnem na conduta do Estado colombiano, por afã egocêntrico de Santos para encarar o Plano Estratégico das FARC na mesa de imposições farianas em Havana.
2. De maneira progressiva, o Estado colombiano legitima a reunião do “Estado-Maior das FARC” para que sem pressões e com absoluta cumplicidade da ditadura cubana, planejem e orientem o novo curso da guerra narco-terrorista contra a Colômbia.
É claro que as FARC não estão conversando em Cuba para se desmobilizar, senão para ganhar reconhecimento político, refinar seu plano estratégico e dilatar as conversações enquanto fortalecem política e militarmente as estruturas clandestinas e as quadrilhas dos blocos sul e oriental que delinqüem nas zonas onde, desde as primeiras etapas da existência fariana foram a retaguarda estratégica, onde escondem seqüestrados, treinam cabeças de todos os níveis, se reúne o secretariado para planejar a destruição da Colômbia, e desde 1980 controlam os negócios do narco-tráfico.
3. É óbvio que tantos cabeças das FARC em Cuba não estão ali só para assessorar Márquez, Granda, Catatumbo e Santrich, senão para ter amplas possibilidades coonestadas pelos irmãos Castro Ruz, para negociar coca com os cartéis mexicanos e armas com terroristas de todas as facções que entram e saem de Cuba como Pedro em sua casa.
4. Do mesmo modo, estão ali para refinar os apoios armados às milícias venezuelanas e, de um modo geral, para refinar todos os detalhes do Plano Estratégico das FARC, que é de guerra, não de paz, e sobretudo que em nenhum momento renunciaram a ele, argumentados em que negociam dentro da guerra. Sem dúvida que a presença de Fabián Ramírez e o “índio” Jairo em Havana, é uma manobra habilidosa e um passo a mais para a concentração progressiva de todo o “Estado-Maior Central das FARC” em Cuba, para realizar a Décima Conferência complementar aos plenos ampliados que já realizaram enquanto De La Calle e seus garotos descansavam, avançar na guerra contra a Colômbia e buscar o ansiado reconhecimento político, graças à estupidez funcional e egolatria do governo Santos.
5. Os delegados políticos das FARC e os integrantes do Partido Comunista Clandestino, que não é tão clandestino, já falam do novo congresso da república “dedicado à paz”, na urgência de negociar com o ELN, e sobretudo que as imposições unilaterais das FARC a De La Calle e seus mudos se cumpram em todo o país, para que a Colômbia avance para o socialismo do século XXI, para ser igual a Cuba, Venezuela, paraísos do terrorismo internacional.
6. Os recentes rosnados de Maduro a Santos, com especial finca-pé em que a Venezuela é uma revolução comunista contrária à oligarquia santista, somada à estranha saída da prisão de Fernando Marquetaliano, Rafael Gutiérrez e a debilidade de caráter de Santos que permitiu o envio de Julián Conrado a Cuba, confirmam que o chavismo está “intermediando” não na solução do conflito colombiano, senão na legitimação internacional das FARC.
7. A trânsfuga proposta dos camaradas Mujica e Correa para levar os terroristas do ELN para fazer uma ópera bufa similar à de Cuba, no Uruguai ou no Equador, corrobora que as FARC continuam empenhadas em repetir o estratagema de Caracas e Tlaxcala com CGSB, na qual inclusive manejaram Humberto De La calle a seu bel prazer e, finalmente, que o Complô contra a Colômbia, esclarecido nos computadores de Raúl Reyes, continua seu curso em que pese os meios de comunicação trouxeram à luz as fanfarronices de Rafael Correa, Hugo Chávez, Fidel Castro, Daniel Ortega e os demais cúmplices internacionais e nacionais das FARC.
8. Mais uma vez Santos zomba das Forças Militares, ao tolerar que três terroristas com extensos prontuários criminais saíssem do sul do país sem que as tropas que têm padecido os danos de seus atos terroristas pudessem capturá-los. Esta atitude exibida, oportunista e desleal de Santos envia uma mensagem contraditória a todos os militares, porém em especial aos majores, tenentes, capitães, sargentos, cabos e soldados que diariamente expõem suas vidas para defender a Colômbia, e por desgraça das circunstâncias, para sustentar no cargo a personagens como Santos que não merecem ser os superiores hierárquicos das Forças Militares colombianas.
9. De troco, um reconhecido camarada com alto cargo legislativo muito inclinado a defender seus correligionários políticos das FARC, assegurou ante os meios de comunicação que o terceiro ponto da agenda de Havana será assinado antes das eleições presidenciais em maio de 2014, e deu a entender que por isso se necessitava dos três terroristas do bloco sul que, evidentemente, são os maiores narco-traficantes do cartel das FARC.
10. Chama a atenção que a chegada dos três narco-traficantes das FARc na mesa de Havana coincida com o pouco claro atentado contra alguns dirigentes da UP em Arauca, primeiro negado pelo ELN e depois, de maneira inusual, reconhecido pelos terroristas da Frente Domingo Laín, ao mesmo tempo em que os comunistas colombianos falam de “paz”, “paz” e a necessidade de negociar com o ELN. E muito mais...
Em síntese, o envio de Fabián Ramírez para fazer parte da palhaçada de Havana - enquanto Santos continua empenhado em sua re-eleição e as frases de gaveta do chefe dos mudos que “representam” os colombianos frente às FARC -, é a calculada movimentação estratégica de uma peça do xadrez negociador de Timochenko que, evidentemente, implicaria em uma resposta concreta e estratégica do governo colombiano, não a publicidade barata santista, auto-declarado o “novo apóstolo da paz” em contraste com os “inimigos da paz”, mote dado aos que não compartilham de sua estupidez funcional, nem da impune entrega da Colômbia aos terroristas e seus cúmplices.
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos -
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