Reflexões político-estratégicas em torno ao “acordo” do tema agrário com as FARC em Havana

Publicado: 2013-05-29   Clicks: 1850

     Tradução: Graça Salgueiro

     Enquanto o presidente Santos acredita que enganou o país e o mundo com o vitorioso anúncio de que já se deu um primeiro passo para a desejada paz na Colômbia (oxalá fosse certa tanta sorte), um rio subterrâneo de incerteza, incredulidade e desconfiança começa a correr com força, entre os que têm muito a perder devido ao sectarismo, pouca clareza, mensagens telegrafadas e desinformação acumulada que ronda em torno ao que se fala e se fala em Havana

     De La Calle e Sergio Jaramillo disseram em diversos cenários que chegará o momento em que, quem não estiver de acordo com o pactuado com os narco-terroristas, o expresse por meio do voto, porém nem eles dois nem o presidente Santos, nem os outros mudos da equipe negociadora contaram ao país o que se negociou, quais são os pontos concretos e como vai ser a mecânica, principalmente porque o governo diz que na mesa as FARC cedem à agenda e em público dizem outra coisa.

    Como fazer para acreditar em um presidente que enganou a nove milhões de eleitores, que mente às Forças Militares e ao país com a mesma facilidade com que posa de cuecas em uma “casa presenteada a uma família pobre”, ou que utiliza a ministra de Relações Exteriores como sua governanta e moleca de recados pessoal na campanha internacional pró prêmio Nobel da Paz, ao tempo em que auto-elogioso afirma ter uma política internacional líder na região?

    Em entrevista apta para as desconfianças, de Pablo Catatumbo com a imprevisível jornalista María Jimena Duzan, o cabeça narco-traficante, assassino e pedófilo soltou a pérola de que há alguns detalhes secretos da agenda que são compromissos com Santos, cuja confidencialidade respeitou-se de maneira bilateral.

    E nesse mesmo dia, depois do estranho anúncio por parte de um dos lambe-botas da ditadura cubana de que “habemus acordo”, o chefe terrorista Iván Márquez esclareceu que assinou-se o primeiro acordo, mas ficaram pendentes alguns detalhes do tema agrário, para continuar sendo tratados durante o resto das conversações.

   Preguntas concretas: quais são os detalhes do tema agrário que faltam negociar? Quais são os acordos governo-FARC prévios à ópera bufa de Havana, dos quais segundo o abusador de menores Pablo Catatumbo, ambas as partes respeitaram a confidencialidade? Fora dessa lista de mercado de supostos acordos publicada pelos meios de comunicação, o que é o substantivo do primeiro acordo?

    Sabem algo de programas agrários e desenvolvimento rural com visão estratégica os bandidos das FARC, De La Calle, o general Mora Rangel, Sergio Jaramillo, o general Naranjo, Frank Pearl?

     Ou estamos como em 1885, quando ao senhor Rafael Núñez, um dos nefastos personagens da maltratada história colombiana, se lhe ocorreu a “idéia genial” de fazer uma assembléia constituinte para trocar, pela enésima vez, a constituição e o nome do país com guerra civil incluída, e para representar o Panamá escolheu a dedo Miguel Antonio Caro e outro bogotano, dois amiguinhos de algibeira, como ao que parece aconteceu com a equipe negociadora do governo em Havana, que na prática só foi um conciliábulo de moleques de recado para sustentar o ego de Enriquito e Juanma, mesmo que o país se afunde? 

     O certo de toda esta montagem publicitária é que ao sacudir a peneira, não fica nada de substancial na panela, senão salvado por montões na malha. Bla, bla, bla...

    Voltemos à idiotice coletiva de 1983, quando Belisario Betancur disse que era um horror ver as FARC levantadas em armas para reclamar o que diz a Constituição em torno ao benefício social, ao tempo em que Jacobo Arenas submergido no álcool, obnubilava com o estratagema da reforma agrária das FARC, a Noemí Sanín, César Gaviria Trujillo, Alfonso López Michelsen, Margarita Vidal e todos os idiotas úteis que desfilaram por Casa Verde em Uribe-Meta para legitimar os terroristas e não perder a oportunidade de ficar nas fotos com os criminosos comunistas.

 

Naquela ocasião, linguarudo e demagogo, Otto Morales Benítez, marionete do momento da demagogia de Belisario e das argúcias dos comunistas desarmados, tocou o fundo de sua inaptidão como negociador e seu desconhecimento do Plano Estratégico das FARC, então, recorreu à palhaçada que os jornalistas converteram em frase histórica: “Há inimigos escondidos do processo de paz”.

    Hoje, vítima da mesma inaptidão, Juanma chama de “Calígulas” e inimigos da paz aos que criticam sua estultícia e desconhecimento do Plano Estratégico das FARC, que delinqüem em sociedade com o déspota Nicolás Maduro, a quem Santos não só reconheceu como legítimo, em que pese a descarada fraude eleitoral, senão que chamou por telefone para prestar-lhe contas tão logo selou-se em Cuba o etéreo o nada claro acordo sobre o tema agrário com as FARC.

    E as FARC continuam obstinadas em sua Lei 001 ou Reforma Agrária Fariana, baseada no Programa Agrário guerrilheiro, fundacional do grupo terrorista em Marquetalia, em 1964.

    Como Juanma e seus mudos negociadores desconhecem ou ignoram o Plano Estratégico das FARC, não entendem que as tendências do Partido Comunista Colombiano, que são as mesmas das FARC (seu braço armado), gravitam sobre os documentos programáticos, pontais de solidez ideológica e metodológica para a combinação de todas as formas de luta, e que para mudá-los de rumo se requer primeiro uma Conferência Nacional Guerrilheira que dite as diretrizes para que isto ocorra, e segundo, que os camaradas desarmados façam um Congresso do Partido no qual ratifiquem, aprovem ou referendem os novos objetivos e métodos políticos do movimento armado.

    Enquanto isso, os documentos programáticos suporte do Plano Estratégico das FARC se cumprem com todo o rigor por todas as estruturas farianas. Quem não esteja de acordo com isto é inimigo de classe, colaborador voluntário com o inimigo, faz grupismo ou individualismo e a única solução é “justiçá-lo”. 

    O que foi dito acima significa que se as FARC assinaram o primeiro “acordo” dos cinco pontos para o encerramento do conflito, que não estará aprovado até que tudo esteja aprovado, sucedeu um ato astucioso e oportunista para manter os mudos mensageiros de Juanma sentados na mesa, para: 

    Ganhar tempo no refinamento de seu Plano Estratégico, impulsionar o trabalho da Frente Internacional com propaganda permanente na Europa e América Latina, coordenar com os governos pró-terroristas do hemisfério a concessão de status de beligerância e, evidentemente, o fortalecimento de seu recém criado movimento político, muito ativo com comunicados e propaganda permanente, presença nos foros agrário e político pela paz, e respaldado diariamente pelos cabeças do Partido Comunista Clandestino que não é tão clandestino. Por seus frutos os conhecereis, disse Jesus de Nazaré!

   Por essas razões, Catatumbo, París e Márquez, três terroristas, declarados inimigos e desconhecedores da Constituição Política, repetiram em uníssono a frase de que Santos tem direito a se re-eleger, porque assim estabelece a Constituição. Afinal, o quê? Aceitam ou desconhecem a lei das leis colombiana? 

    Sem dúvida que a desconhecem, porém, dentro da “moral” comunista neste caso é bom reconhecê-la para conseguir seus propósitos. Por esta simples explicação assinaram o etéreo documento de acordo agrário, pois sabem que isto não deixa de ser um papel a mais dos tantos que se assinam diariamente e não se cumpre na Colômbia, porém no âmbito político-estratégico a longo prazo, este ato audacioso é um passo a mais para erodir a fortaleza dos capitalistas “inimigos de classe”.

    Não há pior cego do que o que não quer ver, nem mais desleal com o país do que quem sacrifica a Colômbia com argúcias e mentiras egoístas, enfocadas em sua ambição re-eleitoral. A passagem do tempo dará razão. Enquanto isso, cresce o rio subterrâneo de desconcerto, incredulidade e ressentimentos, com conseqüências imprevisíveis em um país onde em círculo vicioso a violência foi o bispo (do jogo de xadrez) dos eternos promotores da violência. E em todos os casos, por culpa dos mal governantes, dos latifundiários e dos extremistas que acreditam que o terrorismo é a solução aos problemas do país. Que Deus se apiade da Colômbia desta vez.

 

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

 

Analista de assuntos estratégicos

 www.luisvillamarin.com

 

 

 

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