Morte de Chávez, meios de comunicação colombianos e segurança nacional

Publicado: 2013-03-17   Clicks: 1975

 

     Tradução: Graça Salgueiro

     A desproporcionada cobertura midiática por parte dos meios de comunicação colombianos, acerca da ainda não esclarecida morte de Hugo Chávez, deve servir de ponto de reflexão para os diretores e proprietários das mídias, para o alto governo nacional, para os jornalistas mesmos e para o país em geral, acerca das obrigações e deveres dos comunicadores frente aos critérios da segurança nacional e a identidade pátria como colombianos.

    A sublimação do histriônico e traiçoeiro mandatário venezuelano, ao que parece extinto por um fulminante câncer, dirigida com descarado matiz propagandístico pela camarilha de sequazes chavistas e pela mão não tão oculta da ditadura cubana, lançou anzóis e tarrafas que todos os meios de comunicação internacional, inclusive os colombianos morderam, que durante três ou quatro dias esqueceram realidades próprias tais como: 

    Greve dos cafeicultores sem antecedentes e com muitas perspectivas negativas para o país, miséria nos bairros deprimidos, eternos subterfúgios dos congressistas, fanfarronices de togados empenhados em aumentar seu voraz apetite salarial, viagem suspeita de congressistas a Cuba para se reunir com os bandidos das FARC, segundo se rumora, para lhes oferecer 15 cadeiras no Congresso, e a desaforada campanha auto-propagandística de Juan Manuel Santos para conseguir o Prêmio Nobel da Paz e a re-eleição presidencial.

     É óbvio que os jornalistas e seu círculo de imediatistas dirão e se defenderão com o conto chinês de que a morte de Chávez é um acontecimento de alta transcendência internacional, sem se dar conta de que isso era precisamente o que queriam Maduro, Correa, a Kirchner, Dilma, Evo, os irmãos Castro, Ortega e os demais cúmplices das FARC.

     Porém, o assunto é mais profundo: Hugo Chávez nunca foi amigo da Colômbia. Jamais teve intenções sinceras para a paz do país. Sua farsa coonestada por todos os bandidos de colarinho branco relacionados nos computadores de Reyes, Ríos, Tirofijo, Jojoy, Cano, Lozada, Tovar, Lucero Palmera, etc., consistia e consiste agora nas mãos de Nicolás Maduro, em vender gato por lebre, para que mediante a combinação de todas as formas de luta os comunistas colombianos se aproximem do poder, e se integrem ao velho sonho totalitário da ditadura cubana sobre o continente.

     Esquecem os comunicadores colombianos de todas as mídias que durante quatro dias ininterruptos abarrotaram a psique coletiva dos colombianos com bem-aventuranças a um bandido com categoria presidencial, que esse “herói” ao qual destacavam seu “sentido social”, sua “irreverência anti-ianque” e sua grotesca paquera com as damas, foi o mesmo delinqüente que apadrinhou as FARC desde a Venezuela, que desrespeitou centenas de vezes a dignidade presidencial da Colômbia, que ameaçou com uma guerra relâmpago contra o país porque não superava a dor da morte em combate de seu sequaz, o terrorista Raúl Reyes.

    Esquecem, também, que até sua morte e com a anuência cúmplice do presidente Santos e da chanceler Holguín, Hugo Chávez fez vista grossa e não extraditou à Colômbia os terroristas Julián Conrado e Fernando Marquetaliano, além de tolerar e permitir acampamentos das FARC e do ELN na Venezuela, ter acordos com a Guarda Nacional desse país e até escritório no Fuerte Tiuna.

    Ignoram estes solícitos informadores colombianos que ao se converter como idiotas úteis, em multiplicadores das lágrimas de crocodilo de Maduro, da Kirchner, de Piedad Córdoba e de milhares de venezuelanos e cubanos contratados para o “plano choramingação” ao lado do suposto féretro de Chávez, que com essa atitude ingênua ou oportunista, dependendo da intenção particular de cada informador, estavam legitimando o terrorismo oportunista contra a Colômbia e que, ao mesmo tempo, são idiotas úteis da malta comunista latino-americana.

    Por outro lado, ignoram os solícitos jornalistas colombianos que inundaram jornais, emissoras e cadeias de televisão com a trilhada notícia, que sua gratuita publicidade ao chavismo só serviu para gerar entre muitos setores pobres colombianos, a falsa idéia de que Hugo Chávez não era um déspota, nem um embusteiro, nem um traidor, nem um inimigo declarado da Colômbia, senão uma santa pomba que “fazia muito pelos pobres e que como tal foi assassinado pelo criminoso império”.

    Porém, além disso se esquecem ou desconhecem os solícitos jornalistas que cobriram a ópera bufa dos funerais de Chávez, que na espúria sentença da Corte de Haya contra a Colômbia pelo mar territorial dado à Nicarágua, há altíssima probabilidade de que tenha estado a mão oculta e traidora de Chávez, ou que o Plano Guaicapuro da Venezuela contra a Colômbia inclui a solidariedade com o terrorista Ortega da Nicarágua, para levar as FARC ao poder na Colômbia.

    E o que é mais grave é que no não descartável cenário que se lhe complique a situação a Maduro e sua facção na Venezuela, para desviar a atenção dos problemas internos, o linguarudo almirante Molero pode pôr em prática o Plano Guaicapuro, com a desculpa da solidariedade venezuelana com a Nicarágua, a justa luta das FARC, a unidade continental bolivariana e a irmandade dos povos em torno do Socialismo do Século XXI e a imagem do Chávez bom, que por desgraça já foi multiplicada pelos jornalistas colombianos.

    Por razões óbvias, esta ópera bufa de idiotas úteis da informação a serviço da Nomenklatura chavista e da argúcia dos ditadores Castro, afetou seriamente a segurança nacional sem que na aparência se tivesse notado e, evidentemente, além de Maduro e sua caterva comunistóide na Venezuela e no resto do continente, deixou muitos ganhadores, todos negativos para a democracia colombiana, a institucionalidade e a defesa nacional em seu conjunto.

    O primeiro ganhador foi Santos, que não se sabe se em comum acordo com os diretores de mídias desviou a atenção dos colombianos para os funerais de um bandido amigo e cúmplice das FARC, oportunidade que de passagem lhe deu outros pontinhos para suas ambições eleitorais e o Prêmio Nobel da Paz. Com este telão, tapou a gravidade do problema da greve dos cafeicultores, ao que depois qualificou como conchavo político para derrubar seu governo, sem reconhecer, é claro, sua marcada inaptidão como governante.

    O segundo ganhador foram as FARC, que conseguiram que a imprensa colombiana as ligasse com Hugo Chávez, pelos ideais bolivarianos e não pelo narco-terrorismo, em similar trapaça à qual sempre fizeram em torno de seus nexos com o Partido Comunista Colombiano. Finalmente, cinco congressistas, inclusive os camaradas recalcitrantes não críticos das FARC, ao que parece levaram-lhes a generosa e desesperada oferta de apátridas congressistas e de um débil porém egocêntrico presidente, de enchê-los de cadeiras no Congresso em troca de que assinem um acordo de paz, que permita a vaidosa eleição de Santos e seu coincidente Prêmio Nobel da Paz. 

    O terceiro ganhador é o braço político das FARC, cuja cabeça se pavoneia em todos os cenários midiáticos enaltecendo o “comandante” Chávez, sua revolução bolivariana e seu credo pessoal na paz ao estilo comunista, quer dizer, conveniente para os terroristas e letal para os colombianos, aos quais em contra-senso dizem defender e representar. E com eles saem ganhadores todos os bandidos de colarinho branco vinculados à FARC-política, dentro e fora da Colômbia.

    Em síntese, a Colômbia é a única perdedora com toda esta trama teatral e calculada pelos regimes comunistas de Cuba e Venezuela. Por essa razão, convidamos os diretores dos meios de comunicação, os decanos das faculdades de jornalismo e comunicação social, os jornalistas que como borregos correm atrás do “furo” sem medir as conseqüências de seus atos, a academia e os colombianos em geral, para que avaliem até onde um afã midiático pode afetar a segurança nacional e converter a comunicação social em idiota útil dos interesses políticos dos inimigos abertos ou ocultos do país.

    Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

     Analista de assuntos estratégicos

www.luisvillamarin.com

 

 

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