Conflito colombiano e diálogos de paz: vitórias militares com derrotas políticas

Publicado: 2012-12-12   Clicks: 1618

      Tradução: Graça Salgueiro
 
     Quase dois meses depois de protocolar as conversações de paz em Oslo, não há clareza governamental nem empatia nos pontos da agenda, nem poder humano que ponha os terroristas nos eixos para que limitem-se a cumprir o pré-acordado para deixar de lado a propaganda diária com a já costumeira intervenção de um deles, com habilidosas tramas que, em outros cenários nacionais e internacionais, são referendadas pelos cúmplices das FARC.
 
    Tudo começa com um carnaval de mentiras, inexatidões, vontade de paz mútuas fingidas, com a desvantagem para a Colômbia de que as tramas das FARC fazem parte de um pré-planejado agir estratégico, enquanto que o governo nacional limita-se a proceder por impulsos e a toque de caixa.
 
     Como sempre ocorreu, que os governantes de turno desde 1982 até hoje optaram por negociar a paz com o grupo narco-terrorista.
 
     Santos insiste em que as FARC se sentaram à mesa porque estavam derrotadas, e agora acaba de acrescentar que desde o início seu governo tem muito boas relações com os países vizinhos sem insultos. Premissa falsa e carente de objetividade político-estratégica. As FARC aceitaram se sentar para conversar, não para negociar o desarmamento mas porque faz parte de seu Plano Estratégico. Elas necessitavam recuperar a credibilidade internacional, buscar status de beligerância, legitimar seu braço político interno e externo, e oxigenar seu projeto a médio e longo prazo.
 
    Nessa ordem de idéias, voltar à incompleta agenda de enganos do Caguán era decisivo e necessário. Durante a campanha eleitoral para as eleições de 2010, encontraram setores volúveis e frouxos do Partido Liberal que caíram na estupidez funcional de Álvaro Leiva Durán em 1998, que ansiosos por protagonismo midiático morderam a isca com o prêmio maior: Enrique Santos Calderón, irmão de Juan Manuel Santos, encaixou a peça que faltava para que as FARC fizessem o gol. E conseguiram.
 
    A pálida equipe negociadora escolhida a dedo, sem estratégia e sem plano coerente a longo prazo para apresentar na mesa ou fora dela um programa coerente que de fato conduza ao término do conflito, está fazendo o mesmo papel de palhaço e atuando de maneira similar aos sábios juristas e internacionalistas que, com a maior senvergonhice histórica, deram tombos e cambaleios em Haya, onde o governo comunista e cúmplice das FARC dirigido desde a Nicarágua fez feiras e festas com os paupérrimo argumentos colombianos.
 
    Do mesmo modo acontece em Havana. A ditadura castrista deslumbrou um Santos auto-convencido de ser um prodígio da política e do poker, e o levou a combater no terreno favorável para as FARC, a ALBA e o plano estratégico do comunismo no continente.
 
    Dentro desse esquema as FARC têm todas as vantagens, como as tiveram durante os diálogos de La Uribe com a dupla moral do camarada Alberto Rojas Puyo que, escudado na privilegiada posição de negociador do governo, enviava emissários à Casa Verde com informações precisas do que planejava o governo.
 
    Com cinismo e sem se importar que se desmascarava seu sócio, Jacobo Arenas publicou um livro no qual descreveu a farsa mas, em um país de indolentes e maus leitores, ninguém disse nada. O mesmo esquema se repetiu no Caguán com os camaradas infiltrados na comissão de notáveis. Hoje, como a propaganda do whisky, continuam faceiros.
 
     Nem Santos, nem a inteligência especializada do antigo DAS, muito dada a grampear telefonemas de jornalista esquerdistas de pouca monta, ou funcionários judiciais venais, ou adversários políticos do presidente de turno, deram-se por aludidos de que neste momento em Havana estão quase todos os cabeças das FARC acobertados pela ditadura cubana, realizando a décima conferência das FARC. São tão ingênuos que ainda têm dúvidas a respeito.
 
    Por essa razão foi que as FARC anunciaram uma trégua de dois meses. Porque vão estar dedicados a refinar o Plano Estratégico para coordenar com dezenas de traficantes de armas o envio de mais mísseis para derrubar aeronaves, potencializar o trabalho das milícias bolivarianas, lustrar a legitimação e atividades de seu já conhecido movimento político, enrolar o governo com os anúncios do ELN e EPL de se integrar ao processo e concretizar, com os cúmplices de Chávez, o outorgamento de status de beligerância para desferir o golpe mortal na Colômbia.
 
    Sem dúvida, essa foi uma das razões da prolongada estada de Chávez em Cuba e seu calculado silêncio. Com certeza ele esteve reunido lá clandestinamente com Timochenko, o médico, Pastor Alape, Joaquín Gómez, Pablo Catatumbo e delegados dos governos da Bolívia, Cuba, Brasil, Equador, Nicarágua, Argentina, Uruguai e os partidos comunistas do continente, perfilando detalhes do avanço para a tomada do poder na Colômbia e, obviamente, avaliando os cursos de ação, de como manejar melhor o tema da recente sentença de Haya.
 
    Não é gratuito nem fortuito que ao mesmo tempo circulem na rede eletrônica a carta das FARC à Cruz Vermelha pedindo apadrinhamento para incluir na Constituição Política da Colômbia o tema da negociação permanente com o narco-terrorismo comunista, a estúpida carta de Gloria Gaitán pedindo que os criminosos das FARC sejam indultados e compensados como vítimas, a “boa-vontade” de Ortega para solucionar a discrepância de maneira pacífica, com o remate na corrida engendrada na estrutura de Santos.
 
    As relações com os vizinhos são as melhores possíveis... Não importa que esses vizinhos convertidos em novos melhores amigos estejam de complô com as FARC para depor a institucionalidade vigente, com o fim de pôr a Colômbia no curral da ditadura cubana.
 
    A segunda mentira com a qual flutuam as vaidades e os egos elevados às nuvens, é o vaidoso argumento do ministro Pinzón de que durante seu mandato ele dirigiu as operações militares que conduziram à morte de 25 cabeças das FARC, entre eles Alfonso Cano. Uma coisa é que estes fatos tenham ocorrido durante seu trabalho como Ministro da Defesa, e outra bem distinta é que Pinzón seja o cérebro dos êxitos.
 
    Sem dúvida, ele pegou a mania mentirosa e vaidosa de seu mentor Santos, ao se apropriar das vitórias militares e deixar as tropas à deriva em suas necessidades de foro militar, salários, saúde.
 
    Os êxitos táticos contra o narco-terrorismo são frutos da incansável contribuição de militares e policiais à paz da Colômbia. Provêm de seu heroísmo, entrega, profissionalismo e clara vontade de erradicar o narco-terrorismo. Não são produto da imaginação tropical de um funcionário circunstancial e passageiro pelo cargo de ministro da Defesa.
 
     Daqui surge outra realidade. Por levitar ao redor de seu ego como estrategista circunstancial na direção de uma guerra que na realidade desconhece, Pinzón não se dá conta de que o sangue e o sacrifício dos soldados, aos quais deveria representar politicamente na extensão da palavra, está permitindo que os êxitos militares das tropas (não seus) no campo de combate, convertam-se em derrotas políticas pelas argúcias das FARC e de seus cúmplices.
 
     Tal contradição ocorre porque nem Santos nem Pinzón estudaram a fundo a teoria da guerra revolucionária, nem o Plano Estratégico das FARC. A ambos lhes fascina o microfone e a publicidade politiqueira. Aos terroristas também lhes fascina a aparição midiática, porém à diferença de Santos, Pinzón e os mudos delegados de paz em Havana, as FARC têm um projeto claro, com objetivos precisos e metas definidas que escapam da mão com as intenções político-estratégicas dos novos melhores amigos e “pacíficos” vizinhos.
 
     Dura realidade. Doa a quem doa. Os êxitos militares das tropas em combate estão se convertendo em derrotas políticas, por culpa dos que, como a rainha francesa, acreditam que à falta de “pão” pode-se suprir com brioches.
 

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos
 

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