A cada dia as conversações de paz em Cuba se parecem mais com La Uribe, Caracas-Tlaxcala e o Caguán

Publicado: 2012-11-17   Clicks: 1363

 

      Tradução: Graça Salgueiro
 
      Com a diferença de que desta vez não houve zonas desmilitarizadas, nem desdobramentos midiáticos anteriores aos anúncios do princípio do processo, a mecânica metodológica das conversações de paz que começam na próxima semana em Cuba, a cada dia que passa se parece mais com as falidas tentativas anteriores. Vejamos as semelhanças: 
 
 
    1. As FARC impõem o ritmo midiático enquanto o governo limitou-se a responder que a negociação girará ao redor da agenda pactuada, o que é duvidoso, pois o discurso de Márquez em Oslo, a presença calculada da terrorista holandesa para justificar o narco-terrorismo comunista internacional contra a Colômbia, a mudança da data de início dos diálogos em Havana para concretizar o tema da participação cidadã (ao que tudo indica, manipulada pelas FARC) e a óbvia entrevista do camarada Lozano ao camarada Márquez, indicam que as FARC vão sair com as suas e que as declarações destemperadas do governo a respeito serão trocadas, por “necessidades para gerar confiança e avançar para a paz”.
 
      2. Os delegados das FARC fazem o que lhes ordena seu Plano Estratégico, segundo o qual conversar é parte de sua lógica da guerra revolucionária comunista, para dar saltos qualitativos e quantitativos em seu projeto político-estratégico. Entretanto, o governo chega com delegados nomeados de última hora e a dedo, com ânsias de receber diárias e ganhar dividendos politiqueiros pessoais, sem plano coerente, sem objetivos nacionais.
 
     3. Os ataques terroristas no Cauca e a parada armada do Chocó, que para o ministro Pinzón é uma “parada de papel”, são ações coordenadas, planejadas e dirigidas pelo Secretariado com vistas a demonstrar capacidade de sabotagem (que a têm), fortalecer o trabalho das milícias bolivarianas ao redor do Hinterland colombiano, continuar a aproximação do cerco a Cali e o isolamento estratégico do ocidente colombiano do centro de gravidade do poder, e o controle geo-estratégico do Chocó.
 
      4. A oferta da supressão bilateral de ações armadas procura aliviar a pressão militar, re-estruturar as Frentes, facilitar a viagem dos cabeças a Cuba para realizar lá, sem pressões, a Décima Conferência ou um Pleno Ampliado, incrementar as relações internacionais com os cúmplices da ditadura cubana, com o chavismo, com os comunistas equatorianos encabeçados por Correa e os contatos com os demais governantes da ALBA.
 
      Do mesmo modo, incrementar os seqüestros e extorsões, a expropriação de fazendas a agricultores e evidentemente o recrutamento de mais jovens às Frentes. Numa jogada dupla, as FARC querem a desmilitarização de suas áreas de influência, mediante o cessar fogo bilateral, para que os integrantes das FARC que manipulam o recém criado movimento político que os apadrinha possam movimentar-se a seu bel prazer, enquanto fazem campanha eleitoral com vistas a um governo de transição que depois leve os comunistas ao poder.
 
     5. A trégua natalina bilateral, que as FARC propõem agora, não é nada novo. Já foi utilizada nas negociações de Caracas, onde enganaram a Humberto De La Calle pela primeira vez.
 
     6. A participação da sociedade civil é a re-edição dos comitês temáticos do Caguán. A trama é concisa. Enquanto os cabeças levados como suplentes ou assessores “adocicam” os delegados do governo e os passeadores que farão turismo na ilha, vale salientar, pago pelos colombianos, em Havana Márquez e os demais bandidos que cheguem clandestinos a Cuba graças à cumplicidade do eixo Caracas-Havana, realizarão a Décima Conferência ou o Pleno Ampliado, à espera de que pelo esgotamento da falta de concreção e acordos o governo rompa os diálogos. Aconteceu assim assim em Uribe, Caracas, Tlaxcala e no Caguán.
 
     7. Procurarão que, com Santos ou sem ele, se não for re-eleito, o processo de paz continue como fizeram na Uribe-Meta, quando saiu Belisario e entrou Barco, ou com Barco quando entrou Gaviria, ou como pretendiam fazer com Pastrana, a quem propuseram revogar o Congresso e convocar um plebiscito para que prolongasse seu período presidencial, a fim de continuar manipulando o fraco mandatário conservador.
 
      8. Pedirão uma assembléia constituinte, como já adiantou a amante de Tirofijo em Havana antes de viajar para Oslo, mas do mesmo modo que em 1991, dirão que não participarão dela pois não podem estar ao lado dos que combatem, que não podem entregar as armas porque são a garantia de sua subsistência, além de que ninguém deu-as a eles, etc. Fizeram assim com a Constituinte de 1991. As FARC querem o poder completo, não em partes.
 
      9. Aproveitarão o cenário midiático e a óbvia cumplicidade castrista em Cuba para convidar “personalidades” de todas as partes do mundo, com a finalidade de dilatar as conversações, dar-se publicidade e continuar avançando em suas intenções pontuais. Em La Uribe-Meta foram todos os politiqueiros ansiosos por publicidade. Por lá desfilaram López Michelsen, Noemí Sanín, Cesar Gaviria, Pardo Rueda, Otto Morales, etc. Por Caracas desfilaram Misael Pastrana, Morris Ackerman, Gilberto Vieira, etc. Pelo Caguán desfilaram a rainha Nur, executivos de Wall Streat, Ingrid Betancur, Humberto Ortega, o terrorista dominicano Narciso Isa Conde, delegados clandestinos de Chávez, etc.
 
     Como é óbvio, em Cuba onde funciona a sede social de todos os grupos terroristas do mundo, todos os amigos da ditadura cubana já estão passando e passarão terroristas e proto-terroristas de todos os matizes, clamando pela “paz da Colômbia”, mas, claro, pela paz comunista que os camaradas do socialismo do século XXI querem, quer dizer, aquela que só é possível quando as FARC e seus cúmplices tenham o poder.
 
    10. Os negociadores das FARC estiveram em processos anteriores que não funcionaram e chegaram à mesa com equipes estruturadas no Plano Estratégico. Nas equipes negociadoras do governo imperou a improvisação, as nomeações a dedo e a falta de um plano de guerra para a paz.
 
Belisario Betancur escolheu uma equipe negociadora que era um sancocho [1] de conversadores sem norte claro e sem plano coerente. César Gaviria terminou embriagado com o tema da Assembléia Constituinte, e mordeu a isca do Partido Comunista que enviou vários delegados para fazer o mesmo papel pró-FARC de Rojas Puyo em Casa Verde. Pastrana incluiu o camarada Lozano em uma comissão de notáveis e se deixou levar o gol dos comitês temáticos. E, agora, Santos acaba de ceder com a dilatação do início das conversações para concretizar a participação da sociedade civil.
 
     11. TeleSur ou “telefarc” - que no caso dá no mesmo - entidade publicitária do chavismo pró-terrorista, foi a cadeia noticiosa encarregada de publicar o “furo jornalístico” dos acordos secretos para iniciar os diálogos. Finalmente, a ditadura de Cuba e o governo da Venezuela se converteram nos fiadores, apesar de que por seus atos sabe-se que são sócios das FARC. Algo assim como pôr o gato para cuidar do queijo que o rato rouba.
 
     12. O Semanário Voz do Partido Comunista já contactou com os bandidos em Cuba, e começou uma nova etapa de propaganda e alegoria ao terrorismo contra a Colômbia, com o coro de idiotas úteis que, de imediato, entrevistaram o camarada Lozano para lhe perguntar o que disse o camarada Iván em Cuba antes de começar a farsa, sem se dar conta de que com este ato estão multiplicando a propaganda dos comunistas armados e desarmados contra a Colômbia.
 
     O mesmo sucedeu no Caguán com as entrevistas do Semanário Voz com Tirofijo, Reyes e Cano. Todas com o conto idiota da liberdade de imprensa. Do mesmo modo atua Botero.
 
     13. Em todos os casos, a agenda tem sido a desculpa do governo para pisar fundo no acelerador em algo que sabe-se de antemão que não vai funcionar, e o argumento das FARC para avançar em seu Plano Estratégico, e emaranhar de forma sucessiva a Belisario, Barco, Gaviria, Pastrana e agora Santos.
 
     Nessa ordem de idéias, há muito mais similitudes entre o atual processo de paz e os anteriores, nos quais junto com estas deserções dos cabeças do Secretariado, as Frentes seqüestraram, roubaram, assassinaram e amedrontaram a população civil porque isso é o que dita seu Plano Estratégico. Não são “paradas de papel”, nem muito menos é certo que as FARC se sentaram para negociar porque estão derrotadas militarmente.
 
     Sentam-se para negociar porque necessitam do processo de paz para oxigenar seu Plano Estratégico, re-estabelecer algumas linhas de ação, ganhar tempo, buscar reconhecimento político internacional, posicionar seus cúmplices do movimento político interno, dilatar as conversações até obrigar o governo a se levantar da mesa e se re-adequar para continuar uma etapa a mais do narco-terrorismo comunista contra a Colômbia.
 
Por isso reafirmamos que o governo não é refém do processo de paz. É refém do Plano Estratégico das FARC e das ambições pessoais do establishment. O grave disso tudo é que, apesar de tantas reiteradas coincidências, os colombianos teremos que suportar uma vez mais as artimanhas das FARC para repetir dentro de alguns meses ou anos que não se deviam ter feito esses diálogos de surdos. Amanhecerá e veremos!!!
 
Nota da tradutora:
 
     [1] “Sancocho” é uma comida típica da Colômbia, cuja palavra é intraduzível. É uma espécie de “sopa” grossa, feita com legumes, arroz, feijão, carnes de porco e frango, e em algumas regiões acrescenta-se pedaços de milho cozido. O autor referiu-se a essa iguaria, com muita propriedade, por ser uma misturada de coisas absolutamente distintas entre si, do mesmo modo que o citado grupo de negociadores.
 
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido 
Analista de assuntos estratégicos -
 
 
 
 
 
 
 
 

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