A argúcia de pedir Simón Trinidad em conversações Governo-FARC, será apenas o primeiro ardil dessa ópera bufa

Publicado: 2012-09-21   Clicks: 1495

 

     Tradução: Graça Salgueiro
     
      Ao reler o livro que o comunicador esquerdista Jorge Botero escreveu acerca de Simón Trinidad, revisar o Plano Renascer desenhado por Cano, repassar a mecânica de anteriores falidos processos de paz com as FARC, verificar a visão político-estratégica do Estado frente ao conflito e comparar tudo isto com o Plano Estratégico das FARC, não cabe a menor dúvida: pedir a presença de Simón Trinidad na mesa de conversações em Cuba, será apenas o primeiro dos muitos ardis que as FARC e seus sócios nacionais e internacionais meterão no descoordenado processo.
 
     A esta argúcia somam-se outras já reiteradas por parte das FARC em aproximações anteriores com diversos governos. O Partido Comunista e seu braço armado não querem a paz concebida como a re-inserção civil dos terroristas, nem a submissão à justiça dos autores intelectuais de milhares de crimes cometidos pelas estruturas narco-terroristas das FARC contra a Colômbia.
 
      As FARC e seus sócios querem o poder político total para impor na Colômbia uma ditadura comunista similar à cubana ou à norte-coreana, integrada ao socialismo do século XXI encabeçado por Hugo Chávez.
 
     Para tal, acodem a todos os estratagemas possíveis em nome da paz, apresentada aos colombianos de maneira tendenciosa e fraudulenta os quais, por desconhecimento do que se urde por trás dos bastidores, pisam no escorregadio terreno de aceitar o vocábulo “paz”, sem aprofundar o pedido dos terroristas a respeito nem os perigosos alcances do mesmo.
 
      Os jornalistas, quase todos ansiosos pelo “furo” e os prêmios da categoria profissional, são os primeiros a morder a isca para, sem querer, com algumas óbvias exceções ideológicas, inclinados a servir ao mesmo tempo de multiplicadores ou de caixa de ressonância ao projeto fariano.
 
     Não há nada de novo sob o sol nesta rodada. Mais do mesmo: que as FARC são um exército revolucionário que controlam zonas afastadas, que são um Estado em gestação, que não seqüestram - mesmo que se repitam episódios similares ao da viagem de Pastrana ao Caguán para pedir a libertação da filha de um empresário, como ao que parece ocorreu com o seqüestro do filho de outro empresário, durante os contatos preliminares dos delegados de Santos com os cabeças das FARC -, que renunciar às armas é o propósito final, que deve-se dialogar em meio aos tiros, etc., etc., etc.
 
      Entretanto, os mesmos esquerdistas que se moveram como serpente em incêndio durante o prolongado julgamento de Simón Trinidad, para impedir camaradas do Partido Comunista como óbvias testemunhas defensoras da inocência do terrorista preso nos Estados Unidos, continuam em permanente atividade proselitista em universidades, centros de estudo e até há quem acredite, em setores democratas do mesmíssimo Congresso dos Estados Unidos, situação que por razões elementares sempre será negada por uns e outros.
 
      As FARC pedem que, para cessar o narco-terrorismo, se acolha toda a sua agenda e para isso enviam traquejados delinqüentes com décadas de experiência no mesmo estratagema, unido por vasos comunicantes com as linhas de ação estabelecidas no Plano Estratégico dos terroristas. Enquanto isso, o governo chega à mesa com negociadores de posições ideológicas diferentes, quase todos citados de última hora, sem um plano coerente, sem uma agenda precisa, sem o conhecimento suficiente do temário que os terroristas vão levar à mesa, e sem que existam estudos sérios de ordem acadêmica, política, sociológica ou militar, acerca de qual tem sido a estratégia precisa dos terroristas.
 
       Sem exceção, os negociadores do governo chegam a esta mesa para respaldar o ponto de vista pessoal e eleitoral de Juan Manuel Santos, não para desenvolver uma estratégia conjunta do Estado colombiano, que deveria ter sido construída a partir da experiência de anteriores negociadores, ex-ministros, analistas políticos, militares da reserva, academias militares, universidades e centros de pensamento político.
 
      Pelo que se conhece até agora pelos meios de comunicação, infere-se que nas aproximações iniciais primaram o caduco “esquerdismo do bom menino”, que desde a Primavera de Paris em 1968 ainda circula pelas veias de Enriquito Santos, os interesses politiqueiros do gavirismo e do samperismo tão próximos à casa Santos, a vaidade egocêntrica de Juan Manuel Santos que joga pelos três lados: ou re-eleição, ou Prêmio Nobel da Paz ou a Secretaria da ONU, o calculado trabalho propagandístico do Partido Comunista por meio do Movimento Bolivariano Clandestino das FARC, que agora se apresenta como movimento político legal com nome ribombante, e a eterna desinformação dos colombianos em assuntos de política nacional e internacional.
 
      Ao ritmo que se vai com esta palhaçada, meteram o bedelho a ditadura cubana que de promotora do narco-terrorismo no continente agora assume a aparência de mediadora, a ressurreição política de Chávez, a oportunidade para Correa como porta-voz da paz, a possibilidade da Noruega para ganhar protagonismo midiático e geo-político e muito mais.
 
      Entretanto, as FARC apostam no engano do qual já foram vítimas Humberto De La Calle e Sergio Jaramillo, assim como com a segurança na qual da mesma maneira, apesar de sua fama de tropeiro, o general Jorge Mora Rangel, que permitiu que em San Vicente del Caguán um batalhão insigne de infantaria colombiana desocupasse sua sede para que se arriasse o pavilhão nacional, com a subseqüente içada de um trapo com as insígnias das FARC, desta vez sua aparente têmpera não seja algo mais que outra de suas fanfarronices, similares à do âmago de renúncia de todos os generais encabeçados por ele e pelo general Tapias, contra o débil e incapaz presidente Andrés Pastrana, que em menos de uma hora os tranqüilizou com frases de gaveta na base de Tolemaida.
 
     Em síntese, a única opção que a Colômbia tem para submeter as FARC e concretizar a paz na mesa de negociações, é a das operações militares especiais contundentes, similares às de Jojoy, Reyes, Cano, etc., contra os demais cabeças mas, claro, acompanhadas de um plano estratégico de desenvolvimento sócio-econômico em todo o país.
 
     Isto para que os ideólogos do Partido Comunista e os cabeças das FARC não tenham nem mais caldo de cultura para recrutar novos bandidos, nem para que essa macabra sociedade do crime, derivado da combinação de todas as formas de luta, continue com o conto chinês de que a paz se consegue quando se solucionarem todos os pedidos das FARC, segundo os comunistas armados e desarmados, representantes do povo colombiano, ao qual por contradição dizem defender mas na prática massacram.
 
     Nessa ordem de idéias, a audaciosa inclusão do nome de Simón Trinidad entre os negociadores principais, é mais uma das milhares de fanfarronices das FARC e seus cúmplices que, diga-se de passagem, trabalham sincronizados e de modo permanente em prol de seus objetivos...
 
      Porém, os que representam a Colômbia nem têm clareza suficiente, nem patriotismo necessário, nem o caráter para encarar o problema. Toda a responsabilidade se transfere às Força Militares que, finalmente, serão as únicas sacrificadas nessa confusão, ao lado do eternamente desconhecido povo colombiano.
 
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos -
 www.luisvillamarin.com 
 
 
 

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