O afã de Santos pela re-eleição e sua ilimitada vaidade, o levaram a morder a isca do mesmo anzol que muitas vezes Alfonso Cano lançou, inclusive a dissimulada carta de aparente aborrecimento mas premeditada e de repente pré-acordada que meses antes de sua morte lhe enviou o ortodoxo acadêmico Medófilo Medina, calculadamente reproduzida nos meios de comunicação, na qual o docente universitário insistia com Cano a necessidade de negociar a paz com “dignidade revolucionária”.
Em que pese a experiência acumulada durante períodos anteriores, derivada da criação de comissões de paz integradas por ineptos e ao mesmo tempo por negociadores que desconhecem em grau máximo o Plano Estratégico das FARC, Santos não só caiu no mesmo erro, senão que encarregou da tarefa um personagem que já demonstrou sua incapacidade em falidas negociações anteriores, nas quais as FARC começaram com vantagens político-estratégicas e portanto, manipularam os burocratas de turno.
A realidade obriga o governo nacional a re-estabelecer a agenda e os objetivos. Nem agora nem antes as FARC pensaram em se desmobilizar ou ceder em suas pretensões de ter acesso ao poder para instaurar uma ditadura, principalmente porque chegam à mesa de negociações com o aval dos governantes pró-terroristas de Cuba e Venezuela os quais, uma vez iniciada a nova farsa, buscarão por todos os meios legitimar internacionalmente às FARC, para retirar-lhes o rótulo de terroristas em honra do reconhecimento do status de beligerância.
Ao mesmo tempo, um movimento político de recente aparição midiática passará a fazer a mesma tarefa de dupla moral realizada pela União Patriótica durante os diálogos de Uribe-Meta. E, obviamente, os soberbos indígenas orientados pelas FARC continuarão o trabalho político-estratégico de solapar a estabilidade institucional, a soberania nacional e a integridade territorial. Algo muito grave que nem Santos, nem seus assessores, nem o Congresso, nem as altas Cortes, nem os meios de comunicação querem ver.
Sem a intenção de ser desmancha prazeres, pois ninguém reza mais pela paz que os soldados, porque como disse o general Mc Artur, são os que padecem as feridas da guerra, evidenciamos com absoluto ceticismo que chegue a ter êxito esta farsa popularesca, urdida pelas costas dos colombianos, suportando com mentiras e justificando com o suposto desejo de paz de uns e outros, não obstante que nem Santos concebeu um plano estratégico coerente para alcançar a paz, nem para dobrar os terroristas nas conversações, nem as FARC têm a mais mínima intenção de paz. Assistem às conversações para ver se ganham sem variar seu roteiro. Simples assim.
Uns e outros estão brincando com a boa-fé dos colombianos, com a circunstância agravante de que toda esta ópera bufa favorece às FARC e causa muito dano à Colômbia. Nem mais, nem menos.
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos -