Transcendência político-estratégica dos bombardeios contra as FARC e, Arauca e Meta

Publicado: 2012-04-07   Clicks: 1639


   Tradução: Graça Salgueiro
 
     Em menos de uma semana, as Forças Militares da Colômbia deram um golpe no Bloco Oriental das FARC, dois certeiros golpes táticos com conotações político-estratégicas. O primeiro em Arauca e o segundo em Vistahermosa-Meta. Somados um ao outro, totalizaram 69 terroristas dados baixa, alguns deles cabeças de frentes e companhia móveis.
 
    Na medida em que as FARC pretenderam internacionalizar o conflito para buscar reconhecimento político, paralelo com o vultoso ingresso de dinheiro com o narco-tráfico e a imersão no terrorismo comunista, as Forças Militares evoluíram em concepção operacional tática e estratégica, até fazer com que os governantes de turno entendessem que, para ganhar a guerra necessitava-se vontade política e apoio em todas as ordens da missão constitucional das tropas.
 
    A baixa em combate do terrorista Martín Caballero em 2007, assinalou o início do compromisso político-estratégico do governo nacional, mediante um sistema de operações conjuntas com missões aero-terrestres combinadas com atividades de inteligência estratégica, técnica e humana, reconhecimento do terreno, infiltração das estruturas de segurança dos cabeças, bombardeio milimétrico da Força Aérea e desembarque helicoportado de tropas de elite de Forças Especiais, que combatem contra os últimos redutos da resistência armada dos terroristas e depois consolidam o objetivo.
 
     Assim foram dados baixa o Negro Acacio, JJ, Sonia “la Pilosa”, El Paisa da Frente nove, Raúl Reyes, o Mono Jojoy, Alfonso Cano, Camilo Tabaco, Felipe Rincón, Lucero Palmera, Domingo Biojó, e nesta ocasião uma série de cabeças de importância para o Plano Estratégico das FARC.
 
    Os dois recentes bombardeios revestem-se de especial transcendência político-estratégica, porque afetam assuntos transcendentais do desenvolvimento das estruturas armadas das FARC na Orinoquía Colombiana, com projeção na Venezuela pelo oriente, onde contam com a cumplicidade do governo chavista, pelo norte à Cundinamarca dentro do permanente projeto de dominar a cordilheira oriental para rodear Bogotá, de controlar o narco-tráfico nos estados de Meta, Guaviare, Guainía, Vaupés, Casanare, Arauca e Vichada, e pelo sul para fortalecer os corredores de mobilidade às selvas do Brasil, Peru e Equador.
 
    Ademais é outro golpe contra o Bloco Oriental, desde o qual Tirofijo e o Mono Jojoy construíram a retaguarda estratégica das FARC na mesma zona onde desenvolveram-se quase todas as conferências guerrilheiras e plenos ampliados, os cursos para formação dos cabeças, surgiram parte das farsas das conversações de paz, o controle de grande parte do narco-tráfico e onde Mauricio, “O Médico”, tem a tarefa imposta por Cano de coordenar com Carlos Lozada a reativação da guerra de guerrilhas e a de treinar as milícias bolivarianas urbanas para Bogotá, Villavicencio, Arauca, Yopal, San José del Guaviare, Mitú, Puerto Carreño e Puerto Inírida.
 
    Igualmente, estreitar laços com as autoridades venezuelanas na fronteira, desde Arauca até Puerto Inírida, desdobrar as Frentes guerrilheiras para instalar novas estruturas farianas na zona de mineração ilegal, construir uma área de retaguarda alternativa no setor para Timochenko, e controlar o narcotráfico, o tráfico de armas e as atividades ilegais nos limites da Amazonía e na Orinoquía com extensão ao Brasil.
 
    Do mesmo modo, o Bloco Oriental continuou com a missão de organizar os “cursos de comandantes” de companhia, de frente e dos “estados-maiores”, explosivistas, além dos de sistemas, comunicações e tecnologia de ponta realizados em Caracas com a cumplicidade de Hugo Chávez.
 
    No golpe de Arauca, foi afetado o Plano de Trabalho de Efrén para cometer ações terroristas na Colômbia e se esconder na Venezuela, enquanto o Partido Comunista Clandestino (PC3) e o Movimento Bolivariano recrutam camponeses de ambos os países e integram milícias bolivarianas ao longo da fronteira, para assegurar os corredores de mobilidade das frentes móveis, assim como a garantia dos acampamentos-escola onde realizam-se os cursos de Forças Especiais, também conhecidos como “pisa-suaves” ou “machos-sós”. 
 
    No golpe de Vistahermosa-Meta caíram vários cabeças das frentes do Bloco Oriental, que haviam se reunido no local para realizar um “curso de comandantes”, verificar ingressos pelo narcotráfico, extorsões, seqüestros, mineração ilegal, planejar novos atos terroristas e fazer os refinamentos ordenados por Timochenko ao Plano Estratégico das FARC.
 
   Lá caiu um dos cabeças da Rede Urbana Antonio Nariño, encarregado de recrutar e treinar terroristas nas universidades públicas da zona, infiltrar organismos governamentais, estaduais e municipais, extorquir comerciantes e industriais, fazer proselitismo midiático para a farsa da “paz democrática” coonestada pelos auto-denominados “colombianos pela paz”, estreitar contatos com os sindicalistas de esquerda devotados às FARC, etc.
 
    Embora seja certo que os dois golpes não significam nem a derrota definitiva das FARC nem o debilitamento total do Bloco Oriental, nem o errôneo fim prometido com leviandades dialéticas pelo general Padilla, tampouco se pode esquecer que a holandesa Tanja Niermejer não poderá escrever em vários idiomas a história da “vitoriosa revolução comunista das FARC”, porque seu chefe Mauricio perdeu uma importante quantidade de terroristas, encarregados de dirigir a estratégia integral das FARC contra a Colômbia, no sul-oriente do país.
 
     O dito acima indica que as Forças Militares não podem abrandar a pressão militar na área de operações e, além disso, que o Ministério da Defesa idealize e desenvolva no menor tempo possível, uma campanha de guerra psicológica enfocada na deserção dos terroristas do Bloco Oriental, com armas, documentos e computadores dos cabeças.
 
    Essa ação psicológica deve ser direcionada aos terroristas em particular. Sem generalidades nem mensagens que soam a ruído de tonel vazio, como o conhecido lema de “guerrilheiro entrega-te que uma nova vida te espera”, ou o estribilho sem objetividade que está na moda: “Mulher guerrilheira, desmobiliza-te”.
 
    Este tipo de mensagens não produzem nenhum efeito sobre os terroristas em armas, e só servem para os habituais contratos de publicidade entregues aos amigos do ministério, muito comuns desde 1991 quando os civis assumiram essa pasta, ao que tudo indica com a finalidade de representar politicamente as Forças Militares.
 
    Para produzir efeitos mensuráveis e verificáveis, os organismos de inteligência e os encarregados da propaganda militar devem planejar campanhas de desmobilização claras e críveis, e aproveitar todos os canais de difusão institucional e comercial para fazer chamados à entrega dos terroristas, com base nos textos escritos em agendas, cadernos, computadores, memórias USB e demais documentos apreendidos em Arauca e Vistahermosa.
 
    Ao mesmo tempo, o governo nacional recebe de primeira mão a permanente análise sócio-política que as FARC fazem de suas áreas de influência. Se há de verdade vontade política e não a intenção politiqueira de Santos para utilizar algumas das mensagens encontradas nos documentos apreendidos, como meio auto-propagandístico re-eleicionista, o gabinete ministerial em cheio deve analisar a situação específica de violência nestas áreas e reorientar o investimento social e de infra-estrutura no abandonado oriente colombiano, que por tal razão é caldo de cultura das FARC.
 
    Como se pode ver, o que fizeram as tropas comandadas pelo general Alejandro Navas em Arauca e Meta é paradigmático na história militar universal, e no esquema tático ou estratégico de operações aero-terrestres contra grupos narco-terroristas em ambientes selváticos, porém, isto jamais será efetivo nem contribuirá para ganhar a guerra se por trás não vem o Estado com presença sincronizada em educação, saúde, infra-estrutura e possibilidades de melhoria sócio-econômica para os habitantes da região.
 
    Se não há soluções sociais, políticas e econômicas, a guerra se eternizará ali, aparecerão novos Jojoys e novos cabeças de frentes, mais narco-tráfico, etc.
 
    Também poderão agredir a Colômbia outros bufões como Chávez e muitas ligações do socialismo do século XXI, por exemplo, os que infiltrados em Colombianos pela Paz manipulam outros idiotas úteis orgânicos deste movimento, para que legitimem as FARC.
 
    Eis aí as conseqüências político-estratégicas dos recentes bombardeios contra as FARC em Arauca e Meta.
 
 Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido 
Analista de assuntos estratégicos
 
 
 
 
 
 
 

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