A renúncia do Ministro da Defesa indica que este cargo é para um militar

Publicado: 2011-09-02   Clicks: 1835

 

Tradução: Graça Salgueiro
 
“Sapateiro a teus sapatos”, reza um velho adágio popular. Com o falso argumento de ter um representante político para as instituições armadas, Cesar Gaviria, expert em demagogia e politicagem, introduziu em 1991 a até hoje improdutiva figura de civis a cargo do Ministério da Defesa. A prova disso é a lânguida despedida de Rodrigo Rivera do Ministério da Defesa: improdutivo e inepto.
 
 
A realidade de fundo para explicar a nomeação de um civil neste cargo, sustentada em três pilares, é outra: avidez ilimitada sobre o manejo do orçamento nacional para o setor da Defesa, possibilidade de criar mais cargos de gravata para devolver favores políticos, e projetar futuros candidatos presidenciais.
 
Os resultados dessa concepção errônea saltam à vista: as FARC cresceram 20 vezes durante o período (1991-2011), o ELN se multiplicou por oito, as AUC fizeram o carnaval das desgraças, os cultivos de coca se incrementaram de maneira exponencial, o governo, e em geral o povo colombiano, desconhecem o Plano Estratégico das FARC, os comunistas de todo o continente atacam a Colômbia em bando e apóiam as FARC, etc., etc.
 
Sem exceção, todos os funcionários civis cheios de pergaminhos que ocuparam a pasta da Defesa na Colômbia durante os últimos 20 anos, falharam por incompetência, desconhecimento, falta de liderança e com exceção de Esguerra Portocarrero, todos foram arrogantes e auto-convencidos de ser experts no que não conhecem.
 
Os êxitos operacionais durante o período ministerial de Santos estendidos até a morte de Jojoy, não são o produto de sua capacidade estratégica, pois carece dela. São o produto de muitos anos de trabalho infatigável e persistência das tropas que com altas quotas de sacrifício e abnegação têm combatido o terrorismo comunista em todo o país.
 
Dadas as verdadeiras razões camufladas, pelas quais os politiqueiros de sempre se apoderaram do Ministério da Defesa, não houve clareza durante este período de como derrotar as FARC, recuperar a paz e fazer com que o Estado colombiano em seu conjunto chegue a todos os rincões da geografia nacional. A solução militar por si só é insuficiente. Este já é um tema recorrente mas de maneira inexplicável não passa da teoria à praxis. 
 
A vaidade dos sucessivos ministros da Defesa e sua ignorância frente ao esquema estratégico do adversário, mantiveram as Forças Militares e de Polícia acéfalas de direção político-estratégica. Uribe teve tal conceito claro mas equivocou-se na escolha dos ministros e no trato depreciativo que deu aos generais e coronéis, assim como na inação para resolver o velho problema salarial estabelecido desde 1992. 
 
Os que conhecem Santos e sabem de sua maquiavélica frieza para tratar com adversários políticos, presumem que ele colocou Rivera no Ministério da Defesa de modo intencional, cargo para o qual evidentemente era incompetente, com o único propósito de queimá-lo e tirar do caminho um contendor forte nas eleições de 2014, quando Santos procurará se re-eleger.
 
Aproveitando a ocasião, pôs um curinga pessoal no cargo já lhe havia oferecido há tempo. Não só para que interprete suas idéias em torno do tema, senão para que dirija com prudência os problemas vindouros em torno do suspeito estilo de contratação centralizado ordenado por Santos no setor Defesa, e que já deu margem a investigações graves no monumento à corrupção chamado Fodelibertad, dirigido por um amigo pessoal de Santos.
 
Ou a questionada contratação de motores de baixa qualidade e capacidade para os tanques do Exército, ou o foco do mal serviço e, ao que parece, de corrupção no que se converteu o call center e a parte logística da saúde militar e do hospital militar, dirigida por civis e não por militares, como sempre havia sido com relativa efetividade.
 
E, de um modo geral, do vergonhoso e desconsiderado serviço de saúde militar que opera atualmente com a anuência dos que foram ministros de Defesa, e desconheceram que o mais importante é o ser humano, em qualquer organização.
 
Por isso nos afastamos dos que enchem de elogios e até inventam cargos que não exerceu ao recém nomeado jovem e inexperiente ministro Pinzón. Embora seja certo que cresceu nos quartéis, isso não significa que seja expert em Defesa Nacional, nem em administração de pessoal, nem em direção administrativa de tropas, nem muito menos um erudito no conhecimento da complexa guerra que a Colômbia enfrenta contra o narco-terrorismo comunista, patrocinado pelos cúmplices nacionais e internacionais das FARC.
 
Senhor Pinzón: o senhor deve começar por arrumar a casa. Não dê voltas nem leguleiadas no pagamento dos direitos salariais. Não se necessita que desde o Congresso Juan Lozano e Camilo Romero façam politicagem com o tema. Tampouco se necessita gerar tensões e ressentimentos entre os afetados. Muito menos é necessário pisotear as Forças Armadas e fazer politicagem pessoal com seus logros operacionais, ao estilo Rivera e Santos.
 
Tampouco se necessita de um comitê para negociar o acordo salarial. Aqui não há que negociar nada. Há que solucionar um problema do qual até o próprio presidente Santos fez-se de desentendido há vários anos, como é conhecido de todos que existe e que são justos os reclamos de nivelamento salarial e bem-estar de ativos e aposentados.
 
Resolvido este tema e ganhado o apreço e consideração das tropas que não estão para lhe prestar honras, nem para coonestar-lhe a fim de que o senhor se disfarce de soldado como fez um de seus ineptos antecessores, inteire-se de qual e como é que funciona o Plano Estratégico das FARC, assimile o Plano Renascer de Cano, induza a equipe do governo a resolver o problema de maneira integral e tenha a sensatez de reconhecer ante seu superior direto, que é Santos, e seu superior legítimo que é o povo colombiano, que assim como a pasta da Educação deve ser regida por um educador e a da Fazenda por um economista, a da Defesa deve ser dirigida pelos militares.
 
Com certeza o senhor é um homem muito capaz em assuntos administrativos e na melhor das hipóteses poderia ser um excelente vice-ministro para institutos descentralizados, portanto, deve enriquecer muito sua bagagem pessoal e sua experiência trabalhista para dirigir umas tropas assediadas pelos cúmplices das FARC e sem respaldo no âmbito jurídico por parte do Ministério da Defesa, afetadas por insuficiência de casas fiscais, transferências de três anos a zonas de combates, fraturas dos núcleos familiares, mal pagas e, além disso, sujeitas a que um politiqueiro acomodado como Rodrigo Rivera entorpeça seus direitos legítimos.
 
Mas, naturalmente todas estas situações particulares das tropas que necessitam foro militar, regime disciplinar próprio, respaldo jurídico, direção político-estratégica, motivação e bem-estar em todos os sentidos, não podem provir de um neófito, nem de uma improvisação politiqueira para engrandecer Egos. Isso, só um militar de carreira que as conhece e percorreu com elas por todo o país pode fazer.
 
O senhor sabe muito bem, porque é filho de um coronel que com certeza lhe ensinou quando era criança, que os sapateiros fazem sapatos. E que a guerra a fazem e a dirigem os militares. Prepare o caminho para que o Ministério da Defesa regresse aos militares, descentralize as aquisições que da forma atual denotam um extenso fedor de corrupção, defenda os salários e demais temas de bem-estar das tropas e dos aposentados. Não pisoteie as colmeias porque as abelhas se enfurecem. E, com humildade, dedique-se a aprender o que não sabe acerca da defesa nacional, estratégia, mobilização, geopolítica, etc.
 
Demonstre que chegou a esse cargo, não por ser amigo de Santos nem por sua ficha pessoal, mas para aplainar o caminho para a paz da Colômbia e o retorno dos militares a dirigir os temas próprios de sua profissão.
 
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos -
 
 
 
 
 

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