A corrupção deveria ser considerada crime de lesa-humanidade

Publicado: 2011-07-24   Clicks: 1914

 

 
Tradução: Graça Salgueiro
 
Está em moda na Colômbia, converter em delitos de lesa-humanidade alguns crimes cometidos como conseqüência do narco-terrorismo comunista ou suas aberrantes condutas colaterais.
 
Porém, também vale a pena que ante a sempiterna e imparável cascata de casos de imoralidade administrativa, os eminentes juristas colombianos não só pontifiquem com inclinação politiqueira, como na vergonhosa sentença acerca dos computadores de Raúl Reyes, senão que procurem a forma legal de converter a corrupção em crime de lesa-humanidade.
 
Sem dúvida que o crime de Galán deve ser catalogado como tal, porém em torno a este caso surgem muitas perguntas, tais como:
 
Até quando os colombianos “a pé” teremos que pagar com nossos impostos mais prebendas à família Galán Pachón por culpa de Pablo Escobar?
 
Quanto mais temos que pagar a esta família, com o erário colombiano? O que mais temos que lhes dar, se já gozaram das delícias da diplomacia por vários anos em Paris, agora ocupam cadeiras no Congresso e aspiram à prefeitura de Bogotá? Ou será que a declaração da absurda morte de Luis Carlos como crime de lesa-humanidade levará o Estado Colombiano a desembolsar outra milionária soma por causa da Lei de Vítimas?
 
Enquanto as salas de audiências dos tribunais e a imprensa se ocupam deste caso e de outros crimes atrozes do narco-terrorismo contra eminências políticas, que de uma forma ou de outra fazem parte da estrutura administrativa que levou a Colômbia ao caos atual, os bandidos de colarinho branco estão em plena primavera.
 
Dá asco ler as notícias dos jornais: Chambacú, Colpuertos, Agro Ingreso Seguro, Fondelibertad, a DIAN, a Direção de Estupefacientes, apadrinhamentos corruptos no Conselho da Judicatura, sentenças venais de magistrados e juízes ou promotores prevaricadores, roubos à saúde, desvios de fundos de regalias, malversação de fundos pela emergência invernal, os Nule com Samuelito em Bogotá, compras de equipamentos inferiores às necessidades das Forças Militares orientados pelos estrategistas de escrivaninha levados pelos ministros de turno ao setor de Defesa, contratos descarados como o dos call center e o serviço de informação da saúde das Forças Militares, etc.
 
Qualquer leitor alheio aos vai-vens lamacentos da sinistralidade política colombiana, diria que em termos gerais temos sido - e somos - governados por centenas e talvez milhares de ratos. O triste é que esse leitor teria razão em uma alta porcentagem de probabilidades.
 
Sim. Estão roubando a Colômbia a duas mãos, todos os dias. Nos ministérios, nas Cortes, no Congresso, nos governos estaduais, nas prefeituras, nos institutos descentralizados, melhor dizendo: em todas as entidades onde há orçamento para contratar e executar.
 
E embora tudo ocorra debaixo dos narizes dos governantes, parece que a doença samperista [1], de que “tudo aconteceu pelas suas costas”, pegou a todos. Porém, por outro lado, ninguém explica de onde se sustentam diretores de partidos e demagogos de ofício que passam anos inteiros intrigando e criticando em honra de fortalecer suas campanhas políticas futuras. Ninguém sabe qual o trabalho ou fonte de sustento fixo destes reconhecidos personagens da vida nacional, mas eles sempre estão em primeira linha, viajam pelo mundo, participam de foros, etc.
 
A explicação é simples: eles vivem da corrupção de suas fichas incrustadas em diferentes cargos públicos. Por essa razão, a delinqüência de colarinho branco é como uma hidra de mil cabeças, mais nociva e perigosa para a saúde da Colômbia do que as FARC, as Bacrim e o ELN. Os corruptos são a lepra que se junta ao câncer do narco-terrorismo. E a Colômbia é um corpo que suporta todas essas pragas de uma vez. Mas, até quando?
 
O que ocorreu com o sistema de saúde das Forças Militares, orquestrado desde a suspeita concentração de aquisições imposta desde a época em que Santos foi Ministro da Defesa, indicaria que até o sal está se corrompendo.
 
Isto indica que há razão suficiente para pensar que a salvação da Colômbia requer medidas radicais e posições firmes. Não mais politicagem nem períodos governamentais dos mesmos de sempre.
 
Além disso, procura a todo custo da declaração de corrupção como delito de lesa-humanidade, para que, com espelho retrovisor, até famílias de linhagem que foram beneficiárias da corrupção tradicional, não só paguem com prisão o que eles ou seus “brilhantes” líderes do governo fizeram, senão para que restituam ao fisco nacional fortunas por trás das quais, como dizia Honoré Balzac, “há um grande delinqüente”.
 
Se não se faz nada, os bandidos de colarinho branco, com sobrenomes ribombantes, com ascendência ilustre ou sem ela mas com dinheiro do Estado se enriquecerão mais e, ao mesmo tempo, haverá mais miséria, mais “Jojoys”, mais “Canos”, mais Pablos Escobares e mais vítimas como Galán, para que os colombianos que trabalhamos e pagamos abundantes impostos, contribuamos com mais recursos à engrenagem desta macabra roda sem fim, e as camadas mais baixas ofereçam mais pé de força aos grupos narco-terroristas.
 
Enquanto isso, toda a Colômbia submersa na pobreza estrutural terceiro-mundista, à deriva de que vizinhos com mentalidade de dinossauros retrógrados, ajudem as FARC a acabar de destruir o que os bandidos de colarinho branco não puderam derrubar.
 
Nota da tradutora:
 
[1] “Samperista” refere-se ao ex-presidente colombiano Ernesto Samper.
 

* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estratégicos - 
www.luisvillamarin.com 
 
 

 

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