Traducción de la politóloga brasileña Gracia Salgueiro.
A libertação do ex-congressista chocoano [1] Odín Sánchez, que estava seqüestrado por uma das estruturas terroristas do ELN, converteu-se em um calculado espetáculo midiático que por muitos motivos beneficiou vários atores interessados em sua auto-publicidade, porém, como tudo o que vem sucedendo com os temas de guerra e paz neste país, causou um dano a mais à Colômbia.
Com sua costumeira trapaça auto-propagandística, o presidente Santos ordenou a seus delegados de paz que combinassem com o ELN, como data de entrega do seqüestrado o 2 de fevereiro, quer dizer, o mesmo dia em que se iniciava outro espetáculo promovido por Santos, para satisfazer temporariamente sua ilimitada vaidade, mediante a reunião publicitária em Bogotá, de alguns dos inoficiosos ganhadores de anteriores prêmios Nobel da Paz.
Como é costume de Santos, ele aproveitou a ocasião para se vangloriar e anunciar com pompa e circunstância, que a instalação dessa cúpula de figuras decorativas coincidia com a aproximação da suposta concentração total das FARC nas zonas veredais de transição e, evidentemente, com a libertação do ex-congressista Sánchez.
Mediante um artifício próprio de sua personalidade tramadora e superficial, Santos se deu outro banho de auto-popularidade paga com o erário colombiano. Porém, o país não ganhou nada… Falta saber o que mais Santos pôde ter dado ou prometido ao ELN para que lhes permitissem fazer este show.
Por sua parte, o ELN conseguiu, segundo se rumora, mais de três bilhões de pesos [2] para suas arcas, a libertação de dois terroristas presos e a dilatação calculada das conversações, ao mesmo tempo em que um de seus porta-vozes comentou à Agência AFP que o ELN não tem afã para fechar nenhum acordo com este governo, pois seu interesse é a desarticulação das Forças Militares e a mudança de visão sobre a propriedade privada. Além disso, outra frente do ELN seqüestrou um soldado e disso ninguém diz nada.
Nesse sentido, o ELN está aplicando a mesma estratégia das FARC, consistente em impor a agenda, os tempos, as condições e os objetivos das conversações, frente a negociadores neófitos, cegos, surdos e mudos ante a realidade colombiana, que só obedecem a quem lhes paga em dólares, por coadjuvar-lhe em sua embromação de paz sem clareza nem benefícios político-estratégicos para a Colômbia.
Mediante uma estratégia de provada efetividade impositiva usada pelas FARC em Cuba, o ELN tem encurralados os negociadores de paz do governo e ao próprio Santos, a quem o tempo de seu mandato está acabando, sem ter nada tangível para demonstrar que merecia o criticado Prêmio Nobel da Paz.
As FARC também ganharam, pois aproveitaram a estultícia auto-publicitária de Santos e conseguiram que o pedófilo Pablo Catatumbo se reunisse cara-a-cara com Santos e o presidente francês Hollande, dilataram a devolução dos menores de idade, aparentaram estar quase prontos para entrar nas zonas veredais, e puseram os dissimulados portadores do Prêmio Nobel de Paz para legitimá-los como uma agrupação política.
Mediante a estratégia de pôr o ELN para pressionar na mesa de conversações em Quito, as FARC estão ganhando tempo para construir 26 “casa-verdes” [3] onde chegarão personalidades e lagartos internacionais para falar de paz. Assim, as FARC não concretizam nada, pois cada dia terão uma desculpa para não entregar as armas, porém sim, insistirão em que têm toda a vontade de paz e a necessidade de erradicar “as causas que originaram o conflito”, persistirão no desmonte gradual das Forças Militares, porão travas à aplicação da justiça nos casos de delitos de lesa humanidade, etc.
Entretanto, as milícias bolivarianas deixadas nas zonas de presença histórica das FARC continuarão recrutando e delinqüindo como sempre, mas sem a pressão das Força Militares que já não patrulham essas áreas por imposição dos comunistas armados e desarmados. Tudo isso faz parte do “governo de transição” e do cumprimento de seu Plano Estratégico, pois “juraram vencer” e como disse à imprensa um terrorista do Bloco Oriental das FARC, o que seguirá é impor à oligarquia o acordado com Santos.
Também ganhou Odín Sánchez, que com grande desembaraço disse à CNN que esteve em perfeitas condições, que nem gripe teve, que Santos é seu super-herói e deu a entender que talvez o nomeie como responsável pelo investimento de recursos para a paz nessa região, não tanto como delegado das vítimas na mesa de imposições do ELN em Quito, mas como o salvador dos problemas históricos de pobreza e abandono de sua região. Pelo visto, não fez grande coisa quando foi congressista. Em síntese, Sánchez quer explorar politicamente o evento, para seu benefício pessoal.
Por outro lado, ganharam os burocratas pela ONU para verificar o suposto desarmamento das FARC, pois em meio a vivas e propaganda do gesto de “boa-vontade das FARC ao se concentrar e do ELN ao libertar Sánchez”, agora sim começarão a trabalhar, não a festejar com os terroristas.
Obviamente os menos interessados em que haja acordos logo são o general argentino e sua cambada de dançarinos da ONU, pois se o processo se encerrar nos seis meses previstos, se lhes acaba o contrato e eles deixam de receber pagamentos mensais em dólares com diárias, farras, guloseimas, bailes, guitarra e canção. Para eles é melhor que o processo se dilate.
Do mesmo modo ocorre com os negociadores do governo em Quito, pois já viram que De la Calle, Jaramillo, Pearl, Mora, Naranjo e os demais mudos frente às FARC, ganharam ingentes somas de dinheiro em dólares por permitir a dilatação calculada por parte dos terroristas, então, não há afã de que se concretize algo. O importante para esses negociadores é que, de vez em quando, tenham algum anúncio espetacular que permita a Santos se dar banhos de popularidade como “autêntico gestor de paz”. E todos ficam felizes…
Visto esse quadro de insipidez, restam mais perguntas do que respostas sobre o tapete.
Por exemplo: quanto dinheiro realmente pagou a família Sánchez aos terroristas pela libertação do ex-congressista? Por que o congressista mente e não diz nada aos meios de comunicação acerca do montante, com o conto do vigário de que ainda não pôde falar disso com a família? De onde saiu o dinheiro, pois é improvável que mediante rifas e coletas de boa vontade, uma população tão empobrecida como a do Chocó possa contribuir com uma multi-milionária cifra, principalmente porque o próprio Sánchez assegura que os bandidos pediam 15 milhões de dólares pela libertação?
Por que o loquaz Promotor Geral da Nação não se pronunciou a respeito, nem citou o senhor Sánchez e seus familiares para declarar tudo o que fosse relacionado com o seqüestro? Por que o Congresso da República guarda silêncio cúmplice com a baboseira da paz, e não chama para debate os altos funcionários que têm a ver com esta libertação tropical?
Por que, nem o Congresso da República nem os meios de comunicação questionam o governo nacional por permitir a legitimação de vários delitos neste caso, aceitando cobranças excessivas do grupo criminoso, seqüestro de um militar, show publicitário e mediações de pessoas de duvidosa reputação em nome da paz, além de não ter aprendido nada da direção que as FARC deram à outra mesa de imposições em Cuba?
Assim, em 7 de fevereiro de 2017 continuará a ópera bufa e chegará o 7 de agosto de 2018 sem que Santos consiga nada de bom para a Colômbia, apesar do desperdício de recursos públicos em honra de sua auto-imagem e auto-publicidade. Então, as FARC, o ELN e o EPL que está ressurgindo continuarão no mesmo, junto com os bandos criminosos repletos de motes e nomes tão pitorescos como trágicos.
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido*
Analista e especialista em defesa nacional, geo-política e estratégia.
www.luisvillamarin.com
Nota da tradutora:
[1] “Chocoano” é aquele natural da cidade de Chocó.
[2] Equivalente a R$ 3.000.000,00
[3] “Casa verde” foi o primeiro bunker de Tirofijo.
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