Cinco anos depois da morte de Osama Bin Laden: avanços e retrocessos contra o jihadismo

Publicado: 2016-05-06   Clicks: 1067

    Geo-política, estratégia e defesa nacional   

     Tradução: Graça Salgueiro

     Em 1º de maio de 2011, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comunicou ao mundo que depois de uma cinematográfica incursão aero-terrestre os Navy Seal deram baixa em Osama Bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo e inimigo número 1 do governo desse país.

     Como costuma acontecer nos eventos importantes da história, os analistas elocubraram acerca do assunto. Desde prognósticos para o fim do jihadismo até a prolongação indefinida do fenômeno. Não obstante, cinco anos depois do fato é possível emitir algumas conclusões político-estratégicas a respeito:

     1. O audaz golpe aero-terrestre reverteu na favorabilidade para a re-eleição de Obama, em um dos momentos de menor popularidade de sua gestão. Daí em diante nem sua gestão interna, nem a projeção geo-política dos Estados Unidos, nem a luta do gigante norte-americano contra o jihadismo, alcançaram os níveis desejados pelos habitantes de seu país.

     2. Os jihadistas não cederam em seu projeto contemplado no Plano Bojinka, senão que ampliaram a projeção geo-política da Al-Qaeda.

     Cover Estado Islámico ISIS3. Surgiu o ISIS como uma cisão da Al-Qaeda e a partir desse momento aparecem dois cenários no terrorismo islâmico. O primeiro: a Al-Qaeda continua o desenvolvimento de seu projeto estratégico à sombra da perseguição desatada contra o ISIS, a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão e o distante mundo da África Sub-Sahariana do continente esquecido, onde as células adormecidas da Al-Qaeda cresceram matemática e geometricamente. Segundo, o ISIS recolheu muitas das células jihadistas treinadas por Bin Laden e os talibãs, com ênfase na construção do Estado Islâmico na antiga Mesopotâmia e os ataques terroristas nos próprios territórios da Europa e Estados Unidos.

    4. A guerra da Síria converteu-se no cenário das disputas geo-políticas, geo-estratégicas e de projeção futura para as potências mundiais, a impagável disputa de supremacia entre Irã e Arábia Saudita, e a possibilidade para o ISIS de tirar vantagens em um território-chave para o controle do resto do mundo.

    5. De maneira descarada e agressiva a Rússia não só protege a base naval que tem no Mar Mediterrâneo, senão que mediou na guerra síria a favor do ditador Bashar Al Assad e sem plena clareza contra o ISIS. A débil política norte-americana permitiu essa agressividade russa, que é compartilhada pelo Irã, que além disso saiu com a sua mediante um duvidoso acordo de redução nuclear.

    6. As discrepâncias e falta de coordenação dos serviços de inteligência dos países ocidentais facilitaram os ataques terroristas na França e Bélgica, ademais das latentes ameaças contra os demais países da Europa Ocidental, ou as nações suicidas dos mal chamados lobos solitários que cometeram ataques terroristas no território dos Estados Unidos.

    Cover Primavera Arabe7. Embora o ISIS tenha crescido e conseguido lealdades de grupos jihadistas em diversos países, a Al-Qaeda está assentada no Paquistão, Afeganistão, Índia, Filipinas, Bangladesh, Iraque, Síria, Líbia, Egito, Líbano, Túnez, Argélia, Marrocos, Mauritânia, Mali, Nigéria, Camarão, Chad, Somália, Arábia Saudita, Yemen, Kuwait, além das células incrustadas na Europa, Estados Unidos, Austrália, Rússia e o Cáucaso.

    8. Persistem as dúvidas acerca da participação de membros da realeza saudita e de alguns sheiks no financiamento das redes da Al-Qaeda, inclusive os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington.

    9. Com o auge do jihadismo do ISIS e Al-Qaeda depois da Primavera Árabe, algo que Osama Bin Laden previu, segundo consta nos documentos achados em sua casa em Abbotabad-Paquistão, os territórios do Iraque, Síria, Egito, Líbia, Túnez e Yemen, com extensão aos países ocidentais, converteram-se em cenários de guerra aberta para buscar a concretização da Umma ou o califato universal. 

     10. Turquia e Israel tiraram proveitos particulares na conservação de territórios reclamados pelos kurdos e palestinos respectivamente.

      11. A tecnologia de ponta e as redes sociais se converteram em um meio muito útil para o recrutamento e a difusão do jihadismo. A Al-Qaeda e o ISIS igualmente as utilizam.

     12. O enfoque mundial para combater o jihadismo sunita do ISIS e Al-Qaeda, passou a segundo plano aos shiitas extremistas do Hezbolah e os fedahynes palestinos (guerrilheiros nacionalistas), embora muitos deles já se considerem mujahidines (guerreiros santos).

     13. A presença de células jihadistas nos cinco continentes facilita o tráfico de armas, o narco-tráfico e a lavagem de dinheiro, triângulo sobre o qual gravita o terrorismo internacional do século XXI, mais conhecido como narco-terrorismo comunista ou islâmico.

     Em síntese, apesar da incessante perseguição com drones e dos golpes propinados aos jihadistas no Iraque, Síria, Líbia, Yemen, Paquistão, Afeganistão e África Ocidental, o jihadismo continua latente, tem capacidade de recrutamento, de repetir ações, porém sobretudo de se estender em todos os continentes.

     O jihadismo é uma religião extremista com capacidade terrorista, que requer respostas mais claras, concretas, contundentes, sustentadas e sistemáticas, pois cinco anos depois da morte de Osama Bin Laden, os grupos islâmicos multiplicaram suas ações em todo o mundo e são uma perigosa ameaça contra a espécie humana.

     Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

     Especialista em geo-política, estratégia e defesa nacional. 

       www.luisvillamarin.com

      El coronel Luis Alberto Villamarín Pulido es analista de asuntos estratégicos, autor de 26 libros acerca de los conflictos internacionales, la geopolítica, la seguridad y la defensa nacional, cinco de ellos relacionados con el terrorismo islámico titulados Martes de HorrorNarcoterrorismo la guerra del nuevo siglo, Conexión Al Qaeda, Primavera Árabe e Isis-Estado Islámico. Además tiene en preparación la obra titulada Geopolítica del Terror.

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