Comentários político-estratégicos aos cantos de sereia entre FARC e Governo

Publicado: 2016-01-24   Clicks: 1418

       Traduccion de Gracia Salguiero

      Às FARC não interessa assinar nada com Santos. Seu objetivo estratégico é superior. Estão aproveitando a vaidade e afã publicitário de Santos e de De la Calle e o bando de mudos que o acompanham, pois os terroristas sabem que estes personagens sonham com o Prêmio Nobel da Paz e com o prêmio maior da presidência para De la Calle em 2018, e que Santos em seu infinito Ego acredita já ser o ganhador do Prêmio Nobel e futuro Secretário da ONU. Não importa quanto a Colômbia se afete.

      Na realidade, as FARC pensam e agem em outros cenários, esses sim, por desgraça, com profundas e perigosas previsões estratégicas a favor de seu projeto ditatorial a longo prazo. É evidente que enquanto De la Calle e seus rapazes descansaram no fim do ano do “stress” que tão elevadas diárias e tantas comodidades de primeira classe pagas pelos colombianos produzem, por estar sentados em Cuba dizendo sim a tudo o que os bandidos imponham, entre 20 de dezembro e 11 de janeiro os cabeças das FARC se reunira em Cuba para fazer um pleno, uma conferência guerrilheira, talvez um pleno no qual com certeza trataram de temas tais como:

      1. O que fazer devido à crise que Maduro enfrenta depois do fracasso eleitoral do chavismo, e o desafio de desqualificar uma poderosa assembléia anti-comunista.

      As FARC são parte do projeto “bolivariano” continental dirigido pela ditadura cubana, portanto, suas Frentes e comandos urbanos devem estar prontos para ir à Venezuela, com a finalidade de apoiar a eventual guerra civil. Isso é um tema fundamental no qual as FARC tiveram muitas reuniões e viagens secretas Caracas-Havana, com altos funcionários chavistas. Os comunistas nunca ficam quietos e menos ainda quando se trate de algo tão sério, como o fracasso do projeto-estrela da bandidagem castrista cubana no hemisfério.

      2. Qual seria a ligação das FARC com o plano Guaicapuro, no caso em que Maduro acuda ao truque de atacar a Colômbia para desviar a atenção do problema interno?

      Esse tema foi tratado muitas vezes pelas FARC com o governo chavista. Lembrem-se que os terroristas das FARC têm gabinete no Forte Tiuna.

      3. Como manipular o tema da seleção dos magistrados e o tribunal de paz, inclusive a estratégia a longo prazo para afundar os militares, pois os propósitos das FARC na mesa de negociações concentram-se em obter reconhecimento político sem o rótulo de terroristas e desarticular por completo as Forças Militares que lhes impediram de tomar o poder. O resto são estratagemas para mascarar esses dois objetivos.

      E a isso some-se o erro crasso de Santos de autorizar que Medicina Legal abra todas as tumbas de NN (não identificados) nas zonas onde a guerra foi mais intensa, sem se enfocar primeiro em que as FARC entreguem todas as covas dos milhares de crimes cometidos pelo terrorismo comunista contra camponeses e indígenas que não as apóiam, contra os seqüestrados que desapareceram e contra os mesmos bandidos nos temidos tribunais revolucionários que são o pão de cada dia nas guaridas das quadrilhas.

      Obviamente entre os NN dos cemitérios estão muitos dos bandidos de todos os grupos narco-terroristas que foram dados baixa em combate pelas tropas e entregues às autoridades locais como NN, porque não tinham documentos, mas ao mesmo tempo os familiares deles ou ou chefes do Partido Comunista regional haviam denunciado como desaparecidos.

       Em síntese, aparece um desaparecido e sem importar o parecer de Medicina Legal, as FARC vão se pegar no argumento de que houve crimes de guerra da parte do Estado, porém que eles são anjos celestiais, vítimas dessa ação. E a respeito dos desaparecidos e dos crimes cometidos por suas quadrilhas, negaram com o cinismo característico de sempre, com a anuência dos iludidos pacifistas, dos jornalistas sem profundidade investigativa e dos “facilitadores” em todos os níveis dos diálogos que têm “duas mãos esquerdas”.

     Então, este poderia ser um ás escondido na manga, não para negociar com Santos, pois usarão esse tema como mecanismo de pressão para dilatar e dilatar, mas o pior é que o usaram como argumento impositivo em conversações com o novo governo, pois terão milhares de provas de “desaparecidos” que foram assassinados sem nenhuma chance de defesa. Isto é algo que se vem cozinhando há tempo.

      4. Desde a óptica das FARC, que é a parte que decide e impõe tudo o que se conversa em Havana, não haverá Plebiscito, pela simples razão de que as FARC não encontram o assunto.

      Isso teve-se que conversar muito em Cuba durante dezembro de 2015 e a primeira semana de janeiro de 2016. E por essa razão, Márquez qualificou de ingênuo continuar perdendo tempo com o conto de 23 de março, quer dizer, pré-fabricando a prova da falta de seriedade do governo, com a circunstância agravante de que se as coisas continuarem como estão, sem que as FARC se comprometam a nada, não haverá Plebiscito, nem deixação nem entrega de armas, nem acordo de paz, nem nada concreto para a Colômbia, porém sim a legitimação política das FARC. Ademais, porque tudo isto continua atado a como evolui o desgoverno de Maduro na Venezuela.

      5. Neste pleno com certeza as FARC avaliaram o crescimento quantitativo e qualitativo das milícias bolivarianas, a produção de coca, o trabalho de conscientização que se vem fazendo em todas as ZRC e, evidentemente a forma como vão exigir a De la Calle e seus mudos, que são 900 zonas despejadas e não seis, como alegremente estabelece Santos com uma caríssima e improdutiva citação a extras do parcialmente comprado Congresso, cuja decisão será desconhecida pelas FARC, com o conto de que isso não foi consensuado.

     6. Outro ponto que certamente avaliou-se muito bem em Havana enquanto De la Calle descansava e depois se reunia com “três sábios de paz” em Cartagena, é o relacionado com a quantidade de armas que ingressaram na quadrilha que, além disso, não suspenderam nem o recrutamento, nem a preparação militar de suas estruturas, e muito menos dos conteúdos do Plano Estratégico para a imposição do comunismo na Colômbia.

     Além disso, as FARC têm a grande vantagem de que em Cuba, sede social do terrorismo de todos os matizes, os traficantes de armas que neste momento vendem todo tipo de apetrechos aos bandos irregulares nos conflitos do Oriente Médio, da África Sub-Sahariana e o Norte da África, podem entrar e sair quando quiserem.

      E a isto acrescente-se que as FARC não deixaram de traficar coca com a cumplicidade dos governos da Venezuela, Nicarágua e Equador, que também lhes facilitam o transporte e passagem das armas para suas quadrilhas provenientes do Oriente Médio, Rússia e Europa Oriental. Acreditar que isso não está sucedendo ou pôr em dúvida, dá para parafrasear Márquez, “seria muito ingênuo”.

     7. Outro ponto da reunião de cabeças em Cuba, foi como dar a volta à proposta politiqueira de Santos de entrar em sessão permanente e não se levantar da mesa. O mais óbvio é que as FARC voltarão a insistir em que, claro que sim, que eles querem a paz e que quando se lhes conceda tudo o que está previsto em seu Plano Estratégico então acaba o conflito. Portanto, entra o projeto de início da paz, então que as armas permanecerão prontas para ser tomadas em defesa de seus projetos, e que como ninguém, nem o Estado nem os particulares lhes deram essas armas, tampouco têm que entregá-las, pois são a garantia de que o imposto por eles a De la Calle e seus mudos se cumpra ao pé da letra.

     Celebrar com alvoroço que a ONU delegue a CELAC para que verifique isso, é como pôr o grupo do capo Guzmán em seu feudo de Sinaloa, para que cuide de um carregamento de coca apreendido das FARC pela Polícia.

      8. O objetivo desta trama é forçar ao que as FARC sempre conseguiram: que no beco sem saída o governo tenha que romper os diálogos, porém quanto mais se demore melhor, porque as quadrilhas estarão qualificadas e poderão agir com contundência para reavivar a guerra, com a grande vantagem de que mais da metade do Exército já está metida em problemas jurídicos, terá divergências internas pela atitude pouco clara dos comandos ante estas realidades, os pilotos cuidarão dos bombardeios por razões óbvias, etc.

     9. Outro ponto que certamente se analisou em Cuba, é como continuar agindo em combinação com o ELN, para que os “elenos” sigam impondo como condição inamovível para negociar, o cessar fogo bilateral que tanto apregoam os membros do PCCC e as demais organizações de fachada das FARC. As FARC ganham com a cara e com a coroa perde a Colômbia, pois a luta é continental e se ajusta ao plano estratégico do Foro de São Paulo, súdito da camarilha terrorista do castrismo contra a Colômbia.

     10. Outro ponto que deve ter-se tratado nesta reunião dos cabeças das FARC em Cuba, foi o incremento da atividade da Frente Internacional em defesa da revolução venezuelana, a legitimação política das FARC, a libertação de Simón Trinidad, a guerra política e psicológica contra o governo liberal de Macri na Argentina, os contatos com Petro para que se integre ao plano estratégico, a tarefa das milícias nas universidades públicas, a revisão da tarefa do MBC, do PCCC e das MB, pois os terroristas negociam não para terminar a guerra, senão como um passo mais da guerra. Os fatos assim o demonstram. 

    Porém, por desgraça não há problema para o povo colombiano porque aqui ainda estamos com a ressaca do passeio de dezembro, dos villancicos [1], dos bolos e da alegria e felicidade, e viva a festa!

     Esse é o panorama escuro que o país encara com um Congresso inepto em alta porcentagem, ministros ajoelhados com Santos e arrogantes ante o resto do país, um promotor figurão e loquaz, magistrados espúrios, jornalistas sem caráter nem conhecimento da realidade nacional e comandos militares sem clareza do que se passa, dirigidos por um presidente vaidoso e deslocado, com ministro torpe, arrogante e ignorante do Plano Estratégico das FARC, em que pese ter sido vítima desses bandidos.

     Que este documento fique para a história.

     Nota da tradutora:

[1] Villancico é uma forma musical e poética tradicional da Espanha, América Latina e Portugal, muito popular entre os séculos XV e XVIII, originalmente profanas que depois passaram a ser cantadas em igrejas e a se associar às festas natalinas. Na Colômbia é muito popular, daí o autor associá-lo às festividades de dezembro.

    Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

     www.luisvillamarin.com

 

 

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