Das declarações de De La Calle à trama de um novo cessar fogo unilateral das FARC e a realidade

Publicado: 2015-07-15   Clicks: 1274

 

     Tradução: Graça Salgueiro

Os estratagemas santistas enfocados na busca de um prêmio Nobel da Paz, somadas ao pré-lançamento eleitoral de Humberto De La Calle como candidato presidencial em 2018, e o novo anúncio de outro cessar fogo unilateral das FARC, só serviram para favorecer o plano estratégico das FARC e em nada beneficiaram a Colômbia.

     Com uma barulhenta e calculada presença midiática, De La Calle fingiu dignidade de vitrine ao assegurar que para o bem ou para o mal, as conversações de paz em Cuba estão próximas de terminar e que inclusive a qualquer momento as FARC poderiam ter a surpresa de que os delegados do governo não voltarão à mesa de negociações.

      Barulho de tonel vazio, complementado com a propagandística interação - via twitter de Santos - com muitos internautas escolhidos previamente para essa tarefa publicitária de seu processo, e o remate de corrida das FARC anunciando um novo “cessar fogo unilateral”, ao mesmo tempo em que seqüestraram um oficial no Putumayo.

     Por desgraça para as esperanças de paz dos colombianos, nenhuma destas ações aponta para solucionar o problema, mas, pelo contrário, a piorá-lo. Com a cumplicidade de “pacifistas” integrantes do Movimento Bolivariano e do Partido Comunista Clandestino, somados a dezenas de idiotas úteis, as FARC continuam seu apetrechamento clandestino desde a comodidade em Havana e com o conchavo dos governos inclinados da Argentina, Nicarágua, Cuba, Brasil, Bolívia, Equador e Venezuela, e de algumas auto-denominadas “organizações sociais”, promovem e buscam a todo custo o cessar fogo bilateral.

     Para o efeito, os negociadores das FARC e de Juan Manuel Santos inventaram a palavra “desescalamento” do conflito, modismo inexistente no dicionário espanhol e procedimento alheio às doutrinas militares ou de defesa nacional, colombianas ou mundiais.

     Assim como o conceito de paz é etéreo para o governo colombiano e seus delegados cheios de um mutismo em Cuba, o critério do “desescalamento” carece de clareza conceitual e prática. Acaso este invento semântico poderia supor que a média de mortos e feridos atuais se reduza para 90%, depois para 80% e assim sucessivamente?     Aceitá-lo assim, equivaleria a uma afronta contra as vítimas do narco-terrorismo comunista e demonstraria ingenuidade rasteira do governo nacional frente ao plano estratégico das FARC.

     Porém, para as FARC o cessar fogo bilateral e “desescalamento” do conflito significam algo diferente: significam que as Forças Militares suspendam definitivamente os bombardeios sobre as guaridas, que as tropas se retirem das área de operações e lhes permitam incrementar o recrutamento e o fortalecimento das frentes, que os terroristas sejam tratados de igual para igual como exército revolucionário em condição de força beligerante, e que se lhes permita legitimar-se para lançar a estocada final contra a institucionalidade vigente.

     Em síntese: para as FARC, “desescalamento” é a soterrada busca consensuada de um alívio de pressão para se fortalecer e, cessar fogo bilateral, é um armistício no qual sejam reconhecidos como força beligerante. O negativo do tema é que, por ignorar as verdadeiras pretensões das FARC, os altos funcionários do governo e a equipe encabeçada por De La Calle em Cuba atuam a toque de caixa, e são submetidos às imposições permanentes dos terroristas.

     Esta realidade parece não lhes fazer fissura, com a extensiva circunstância agravante de que a multiplicidade de desinformação difundida pelos meios de comunicação, quase todos a soldo do governo, tampouco aporta clareza à opinião pública que, cansada de tanto terror e barbárie comunista de mais de cinco décadas, poderia dar seu aval à paz santista sem avaliar a fundo a realidade do problema.

      O Congresso da República, inferior ao desafio como por característica negativa sempre foi na acidentada história colombiana, não cumpriu com sua função frente ao que se dialoga em Cuba com as FARC. Individual e coletivamente, os atuais congressistas defendem interesses particulares ou setoriais, sem consensuar no que convém à Colômbia frente às FARC e as pretensões dos terroristas.

       Por sua parte, em vez de orientar esforços sérios, profundos e efetivos para ajuizar os cúmplices políticos e organizacionais das FARC assim como das Milícias Bolivarianas, eixo de gravidade do Plano Estratégico reavaliado por Alfonso Cano antes de morrer com o nome de “Plano Renascer”, o Promotor Geral centrou-se em propor ridículas penas alternativas para os terroristas e o reconhecimento tácito da incompetência da justiça colombiana, para defender os direitos das vítimas do narco-terrorismo comunista.

No meio desse jogo de interesses e ineficiências, as Forças Militares ficaram sós e sem respaldo jurídico nem político.

     A implementação de neófitos e improdutivos ministros civis de Defesa, sem exceção, só serviu para facilitar vergonhosos casos de corrupção, por exemplo, a custosa e ineficiente Saúde Militar, multiplicidade de improdutivos assessores e contratados civis em assuntos de defesa e segurança nacional (que ademais desconhecem), brigas e favoritismos para escolher oficiais em altos cargos de responsabilidade, inadequada capacitação profissional dos quadros de comando e muitas outras pérolas que indicam que as tropas carecem de direção político-estratégica, pois o presidente Santos muda amiúde de pontos de vista e não é pontual nem claro em suas mensagens aos soldados.

     Em síntese, as ruidosas declarações de Humberto De la Calle para ir ambientando sua candidatura presidencial em 2018 e seu óbvio desejo de também ser Prêmio Nobel da Paz ao lado de seu mentor Juan Manuel Santos, a fanfarronada santista de não governar para se dedicar a interagir pelo Twitter com internautas pré-escolhidos com perguntas pré-desenhadas para respostas óbvias, e o anúncio de um novo cessar fogo bilateral das FARC, são componentes de mais do mesmo.

      E isso demonstra uma vez mais que as FARC sabem sim para onde vão e como querem meter o narco-terrorismo na Colômbia, enquanto a contraparte navega na improvisação, sustentada imerecidamente pelo sacrifício, a abnegação e a lealdade dos soldados que não merecem a incompetência dos atuais dirigentes políticos.

      Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

       Analista de assuntos estratégicos

     - www.luisvillamarin.com 

 

 

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