Tradução: Graça Salgueiro
Com bandas e fanfarras, os meios de comunicação acabam de anunciar ao mundo que em Cuba, de maneira “histórica”, houve um acordo de desminado. As reflexões seguintes demonstram onde está o epicentro do novo engano das FARC ao país:
1. O anúncio de De La Calle desde Cuba tem uma suspeita coincidência de montagem articulada de vários eventos politiqueiros com o mesmo fim, atados ao exagerado anúncio de Santos dias antes, desde Madri-Espanha, acerca da ida de uns generais a Cuba para fazer extra e escutar novas imposições das FARC. E, evidentemente, como preâmbulo da marcha paga pelo governo a Antanas Mockus para que faça outra de suas tradicionais palhaçadas, desta vez em apoio do Prêmio Nobel da Paz para Santos e o grupelho que De La Calle dirige, ao custo que seja.
2. As FARC, que são muito hábeis no manejo de assuntos midiáticos a este nível e já têm medido o azeite do governo e o embuste pessoal de Santos em honra de seu Prêmio Nobel da Paz, deram o etéreo sim a auxiliar no desminado que, segundo o general Naranjo, demorará 10 anos. Na prática, as FARC buscam:
a. Que as áreas onde se vai fazer o desminado sejam desmilitarizadas por completo, com o argumento da segurança dos observadores e dos que operam as equipes para erradicar as minas. Obviamente semearão mais campos minados perto desses lugares e dilatarão a desmilitarização, enquanto que suas frentes continuam se fortalecendo e as estruturas de “masseros” [1] impulsionam o recrutamento e o treinamento militar sem a pressão das tropas.
b. Os bandidos de civil que se integrarão às tropas para desminar, terão como tarefa desenvolver tarefas de inteligência e penetração ideológica para tratar de corromper o “inimigo de classe”.
3. O fundo de todo o assunto é buscar o cessar bilateral de hostilidades, não para avançar para a almejada paz sem terroristas das FARC no cenário nacional, senão para se robustecer para a guerra vindoura com o apoio do Partido Comunista Clandestino, o Movimento Bolivariano Clandestino e as Milícias Bolivarianas, que não são tão clandestinas como dizem, pois seus integrantes aparecem amiúde em diversos cenários, advogando pelo cessar fogo bilateral e a reconciliação, como se os culpados pela guerra fossem os colombianos decentes, com a imperiosa necessidade de legitimar o narco-terrorismo comunista.
4. O mais certo é que Santos é consciente de que tudo isto é assim, porém o afã de seu Prêmio Nobel da Paz é superior aos interesses e objetivos nacionais.
Não se trata de ser desmancha prazeres, senão objetivos. A negociação de paz para as FARC é apenas um passo para a tomada do poder e para a concretização da revolução comunista.
Se as FARC se comprometem de verdade ao cessar fogo unilateral e ao desminado, o mais elementar é que concentrem todos os seus bandidos em pontos verificáveis, que entreguem as armas, destruam todas as oficinas de fabricação de armamento artesanal que têm na Colômbia, Venezuela e Equador, que não ingressem mais explosivos pelas fronteiras, que determinem com exatidão as áreas minadas ao redor das guaridas dos principais cabeças antes que todas as outras, que reparem economicamente todas as famílias vítimas das minas, que entreguem as listas de todos os bandidos sem armas que os apóiam desde as organizações fortalecidas no Plano Renascer que Alfonso Cano projetou antes de morrer, que entreguem todas as propriedades obtidas com dinheiro do narco-tráfico, do terrorismo, da extorsão, do seqüestro, do assalto à mão armada e que seu braço político, Partido Comunista, repare economicamente todas as vítimas das atrocidades farianas.
O resto são cantos de sereia e a repetição dos ardis de sempre.
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
* Analista de assuntos estratégicos -
Nota da tradutora:
[1] “Masseros” são guerrilheiros encarregados de fazer trabalho com as massas.