Em que pese a renúncia de candidatura de Timochenko, as FARC seguem em seu plano estratégico (entrevista à CNN em espanhol)

Publicado: 2018-03-23   Clicks: 2180

     Análisis del conflicto colombiano

      Tradução: Graça Salgueiro

     Pacto Farc-SantosA saída por razões médicas de Timochenko como candidato presidencial das FARC, não altera as intenções do grupo terrorista para conseguir o governo de transição para o socialismo, pois seu propósito gravita ao redor do dinheiro do narco-tráfico e da mineração ilegal, para aumentar o número dos assentos entregues em Cuba pelo governo colombiano, conseguir 16 cadeiras para integrantes dos “movimentos sociais” inscritos nas FARC como supostas vítimas do conflito que não foram aprovadas no Congresso colombiano, e fortalecer as estruturas políticas da Marcha Patriótica onde militam os quadros esquerdistas afins ao ideário marxista-leninista das FARC, para cooptar uma alta votação, apoiar o candidato de esquerda que obtenha maioria e buscar ali o governo de transição, apontou o coronel da reserva ativa do Exército da Colômbia, em entrevista via Skype, com a jornalista Alejandra Oraa do programa Café da CNN en Español, em 8 de março de 2018.

     O entrevistado assegurou que:

     1. A candidatura presidencial de Timochenko era uma atividade simbólica, pois as FARC são conscientes do ingente repúdio do qual são alvo. Cedo ou tarde, por uma razão ou por outra, as FARC renunciariam a ter este candidato presidencial para deixar às suas bases políticas a oportunidade de votar por sua verdadeira aproximação com a Marcha Patriótica.

     2. Um dos tantos erros dos negociadores do governo com as FARC em Cuba, foi não ter exigido a identificação plena dos integrantes do Movimento Bolivariano Clandestino e do Partido Comunista Clandestino, incrustados nas chamadas “organizações sociais” e que agora fazem política aberta sem ter respondido pelos delitos que cometeram ao ser cúmplices das FARC nas zonas de influência do grupo ilegal.

     3. Depois da assinatura do pacto FARC-Santos, evidenciou-se que as supostas dissidências das FARC estão coagindo os camponeses cocaleros do Putumayo, Caquetá, Nariño, Cauca, Valle, Chocó, Catatumbo, Urabá, Bajo Cauca, Arauca, etc., para exigir a erradicação manual da coca, e de quebra, ali estão as bases políticas dos votantes pelas FARC e seus grupos de fachada nas próximas eleições.

     4. Não importa aos cabeças das FARC, agora convertidos em dirigentes políticos, o repúdio e o rechaço que o povo colombiano professa por eles, pois esse sentimento é tão antigo quanto a existência das FARC. São como ISIS, Al-Qaeda ou os talibãs. Interessa a eles ganhar espaço geo-político e conseguir legitimação do establishment, não do povo, para se posicionar em cargos desde os quais possam continuar construindo o Socialismo do Século XXI.

     5. É importante prestar atenção às chamadas cooperativas Ecomún. Além de um evidente espaço para levar dinheiro derivado de diversos delitos, as FARC conseguiram que o governo lhes aprovasse uma cooperativa múltipla em nível nacional, mediante a qual não só lavam ativos mas incorporam muitos camponeses para que votem em seus candidatos nas eleições.

     6. No momento o afã das FARC não é conseguir a cadeira presidencial, mas se posicionar forte no Congresso para buscar leis que fortaleçam seu pacto particular com Santos, propender pela desarticulação das Forças Militares e continuar desenvolvendo de maneira sistemática e progressiva a revolução socialista na Colômbia, desde a periferia ao núcleo do poder central na capital do país.

      7. Em conseqüência, o mais óbvio é que vai ser Piedad Córdoba quem recolherá as bandeiras eleitorais das FARC, pois não é segredo para ninguém que sua base política está na Marcha Patriótica. Seu objetivo não é ganhar as eleições presidenciais senão acumular um alto índice eleitoral para negociar cargos sensíveis com o presidente eleito em maio, e se for de esquerda melhor para seus planos, porque lhe indicarão ao governo de transição. Esse é o esboço do plano. Se vão conseguir ou não, depende do eleitorado colombiano e da transparência dos órgãos de controle eleitoral.

     *O coronel Luis Alberto Villamarín é autor de 33 livros relacionados com Geo-política, Estratégia e Defesa nacional, entre os quais encontra-se o Pacto Farc-Santos, no qual analisa desde os pontos de vista geo-político, geo-estratégico, de objetivos nacionais e de técnicas de negociação, as conseqüências negativas que vieram para a Colômbia com a aceitação das imposições do grupo terrorista aos delegados do governo nacional de Havana. www.luisvillamrin.com

     * Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

 

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