Tradução: Graça Salgueiro

Entretanto, e embora pareça contraditório, desde então e até agora, muito poucos ou quase nenhum dos dirigentes políticos da chamada “oligarquia capitalista” e por nefasta extensão a academia, amplos setores da justiça que deveriam perseguir os terroristas de maneira implacável, congressistas deslocados a granel, e até muitos integrantes das Forças Armadas, ignoraram de maneira sistemática e ampla os alcances do Plano Estratégico das FARC.
Em que pese a auto-publicidade que se fazem presidentes e ex-ministros de defesa mentirosos em torno à luta contra as FARC e os lucros obtidos nessa guerra, a verdade do ocorrido resume-se em que não houve vontade política de Estado e sustentada no tempo para derrotar militarmente os terroristas e ao mesmo tempo implementar soluções sociais, econômicas, psicológicas e políticas nas áreas afetadas. A única coisa que houve foi vontade e sacrifício das Forças Militares e de Polícia para evitar que os comunistas armados tomem o poder na Colômbia.
O resto foi auto-elogios, imerecidos evidentemente. E de passagem, demonização dos soldados e policiais que salvaram essas elites por parte de personagens como Pardo Rueda, Juan Manuel Santos, César Gaviria, Ernesto Samper, Belisario Betancur e uma longa lista de medíocres politiqueiros, em cujos dicionários não figuram palavras como lealdade, patriotismo, nem muito menos clareza ideológica, secundados por alguns juízes, magistrados e promotores que não só vivem no mundo da lua, como amiúde legitimam os terroristas, por razões puramente pessoais e não institucionais.

Porém, não a paz que convém à Colômbia, senão a que convém aos projetos expansivos da ditadura cubana, ao socialismo chavista e aos tresnoitados dinossauros comunistas crioulos, que continuam convencidos de que destruindo a empresa privada e multiplicando a pobreza, o país sairá do atoleiro em que afundaram de par em par, as elites liberais, conservadoras, comunistas, populistas, os grupos terroristas, a corrupção, o narco-tráfico e a debilidade da justiça no país.
Por brigas pessoais da Corte Suprema de Justiça com o então mandatário Álvaro Uribe, uma sala plena de “doutos e sábios jurisconsultos”, chegou à “sapiente” conclusão de que as provas arrecadadas no local onde Reyes caiu, careciam de valor jurídico porque não foram entregues primeiro ao “honesto e impoluto” presidente equatoriano Correa, para que este arcanjo da paz, incapaz de fazer alguma tramóia contra a liberdade no continente, as tivesse enviado por correio diplomático à Colômbia.
Cabe aqui um parênteses: se essas provas tivessem caído nas mãos das Forças de Defesa Israelenses e se relacionassem com terroristas islâmicos, o que teria sucedido com os políticos, organizações sociais e demais cúmplices relacionados nos computadores? O que teria acontecido com as relações com os governos cúmplices? O que teria acontecido com as guaridas criminais detalhadas nesses documentos? O que teria sucedido com as propriedades dos terroristas dentro e fora do país?
Retomando o tema, não obstante por graça do leguleismo santanderista tão afincado em nossos grandes males históricos, supondo que esses computadores não tivessem valor jurídico, pelo apego às leis e a decência que altíssimos magistrados reclamam para si, que em alguns casos são investigados por prevaricatos, carrosséis e outros delitos, ou assinalados de emprestar os carros oficiais aos filhos para que forniquem e não paguem tarifa de um motel.
Em contraste, em operações posteriores contra as FARC as Forças Militares apreenderam mais computadores, mais agendas eletrônicas, mais documentos e sobretudo se entregaram centenas de terroristas de diversas estruturas que corroboraram a veracidade dos achados nos computadores de Reyes, e até inclusive o pedófilo Pastor Alape reconheceu em uma entrevista que nesses achados estavam sim os segredos das FARC. Entretanto, para o sapiente promotor Montealegre e o patriótico pacifista presidente Santos, essa provas foram secundárias porque primava “negociar a paz em Cuba” e porque, segundo Montealegre, o Ministério Público era incapaz de processar dez mil terroristas.
Tal como estava escrito nos documentos eletrônicos de Raúl Reyes, as FARC impuseram a agenda de conversações e redigiram um pacto espúrio que foi assinado duas vezes por Santos e “Rimo”, legitimaram seus cabeças, inventaram um modelo sui generis de justiça pró-terrorista “modelo no mundo”, estão às portas de instalar no eternamente erodido e despreparado Congresso vários terroristas, para que legalizem o Plano Estratégico já legitimado por Santos e avançam a passos largos para um governo de transição com vários candidatos presidenciais, porém em especial com quem representa os interesses das “organizações sociais” que falam o mesmo idioma das FARC, vivem nas mesmas zonas onde as FARC assentaram suas células clandestinas, têm familiares nas FARC, protestam em massa a favor das FARC. Porém, por efeito do eterno realismo mágico que nos acompanha desde antes da conquista espanhola, essas organizações não são das FARC, embora sejam a base política de alguns dos que aparecem relacionados na FARC-política, mas que por decisão da Corte Suprema não podiam ser incluídas nessa categoria devido a que não foi Correa quem enviou os computadores de Reyes à Colômbia, depois pela necessidade do Nobel de Paz de Santos e depois ainda pela inaptidão de Montealegre para investigá-los.
Às portas de duas eleições polarizadas, o novo promotor Martínez, fiel à trama da justiça-espetáculo de seus antecessores e com um suspeito não-me-toque vargasllerista, fez o show midiático de pôr em público algumas das múltiplas propriedades das FARC que intencionalmente foram ocultadas no pacto FARC-Santos. Obviamente os terroristas negam ponto por ponto porque sabem como se impor e como repreender Santos ou utilizar sua vaidade tonta.
E os jornalistas doentes de diabetes com repercussão de miopia por efeito dos excessos da marmelada, não questionam os terroristas por mentir senão que os defendem, com o conto de que estes fatos ocorreram depois da assinatura do Pacto FARC-Santos. O caminho para o fracasso está repleto de estúpidos funcionais e de medíocres.
Em síntese, passados dez anos da morte de Raúl Reyes, as FARC não só impuseram aspectos-chaves de seu Plano Estratégico, senão que obtiveram mais do que esperavam, estão a beira de legislar para que os milhões de advogados que sabem de tudo na Colômbia façam cumprir as novas leis ditadas por terroristas, insistem em buscar o governo de transição, polarizam o país, dividem a essência geo-política do coração do país em poder das elites erodidas, controlam as economias ilegais do interior do país, conservam sólidos nexos com os governos pró-terroristas do continente, apadrinham o ELN, mentem com cinismo, repreendem os fracos funcionários oficiais, se apropriaram das zonas de transição onde instalaram sedes de elogio ao terrorismo comunista, continuam com o poder do narco-tráfico, conservam suas estruturas armadas com as supostas dissidências e os “escoltas nas cidades”, não entregaram os bens, não devolveram os menores de idade, continuam treinando milicianos como futuros comitês de defesa da revolução, etc., etc., etc.
Entretanto, a direção política colombiana, tão confiante como sempre, empenhada na rapina dos assentos no Congresso, a seleção o menos pior para a cadeira de Bolívar, as compras de votos, o roubo descarado dos recursos dos colombianos, os contratos de última hora para tirar três zeros das cédulas ou o atropelado censo dos colombianos feito por uma entidade que não conhece do tema…
Enquanto isso, o povo colombiano afundado no caos de sempre, sem líderes e sem objetivos claros. Assim, os comunistas armados e desarmados continuarão se afiançando porque seu projeto revolucionário é estratégico, passo a passo e correlacionado com a debilidade do inimigo de classe que se carcome por suas próprias debilidades internas.
*Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
*Especialista em Defesa Nacional, Estratégia e Geo-política.