Tradução: Graça Salgueiro

Do mesmo modo o entrevistado acrescentou os seguintes pontos de vista:
1. O cessar fogo bilateral com o ELN foi o resultado de uma das tantas improvisações e oportunismos auto-propagandísticos do presidente Santos que, sem ter nada para mostrar a respeito, aproveitou a visita do Papa à Colômbia para anunciar avanços imaginários em um processo que depois de muitos meses e muitos gastos de dinheiro dos colombianos, nem avança nem mostra resultados concretos.
2. O ELN terá a desculpa de que os ataques terroristas foram realizados duas horas depois de terminado o cessar fogo, quer dizer, que nem feriram o pactuado nem renunciaram à guerra, mas que tampouco renunciaram à possibilidade de continuar conversando sobre paz sem concretizar nada com este governo, como o haviam advertido desde antes de se sentar para conversar em Quito.
3. Trinta e sete (37) transgressões graves ao cessar fogo por parte do grupo terrorista e a atitude silenciosa das Forças Militares e do governo frente a essa realidade, indicam que o grupo terrorista dirige a iniciativa estratégica e que, como a Colômbia entrou na reta do processo eleitoral, esta agressão terrorista será vista como um incidente que deve-se evitar no futuro. Portanto, pacifistas amigos do governo Santos não da verdadeira paz, e pacifistas nacionais e internacionais que carecem deste argumento, insistirão em que se reabram as conversações e o governo Santos, como tem sido sua conduta tradicional, não só cederá senão que se deixará impôr mais e novas condições dos terroristas em nome de sua “paz”.
4. Diz-se que há muito secretismo do que se diz em Quito e que os mecanismos de verificação do cessar fogo não foram eficientemente adequados. Isto deve-se a que desde há mais de 20 anos que as conversações com o ELN sempre giraram sobre o mesmo círculo vicioso: participação nacional da sociedade para falar de paz sem concretizar nada, saída definitiva das Forças Militares das áreas de influência e do ELN, e tolerância total do Estado colombiano com o seqüestro, os massacres, o narco-tráfico, o recrutamento de menores e os demais delitos que o grupo terrorista comete em nome da paz.
5. A renúncia de Juan Camilo Restrepo como chefe dos diálogos com esse grupo terrorista deveu-se à navegação em círculo vicioso dos planos e objetivos do ELN, a que nem Restrepo nem o governo Santos têm nada que demonstrar de avanços, e que o propalado cessar fogo que o governo colombiano fez foi uma farsa e um contrasenso. Chega Bell Lemus, menos capacitado e sem margem de manobra, portanto as conversações poderão continuar mas nem se concretizará nada com Santos, nem esta equipe negociadora conseguirá avanços substantivos em um acordo com o ELN.
6. Enquanto Maduro está na Venezuela e importantes setores oficiais do Equador sonham com o socialismo do século XXI na pátria grande de Bolívar, nem as FARC nem o ELN deixarão de manipular o governo Santos e a seu sucessor, se pudessem fazê-lo, pois para os comunistas dos três países o socialismo está em vigor e o que sucedeu com as FARC e até agora com o ELN é um salto qualitativo da luta para a tomada do poder. Não é sob nenhum ponto de vista a cessação de seus planos e objetivos estratégicos.
7. As FARC estão por trás de tudo o que o ELN faz e deixa de fazer em torno da mesa de conversações com o governo Santos. Sua atividade é independente e articulada. Aqui caberia perguntar como diziam os romanos: a quem convinha mais que o ELN tivesse perpetrado estes dois ataques terroristas, apenas duas horas depois de terminado o primeiro cessar fogo bilateral?
* O coronel Luis Alberto Villamarín Pulido é especialista em temas de defesa nacional, estratégia e geo-política, autor de 33 obras relacionadas com estes temas, e analista convidado em diversos foros e meios de comunicação no mundo, para avaliar a analisar fenômenos sócio-políticos da atualidade.
*Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido